Um bate boca marcou a sessão plenária da Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira. Os deputados federais João Rodrigues (PSD-SC) e Jean Wyllys (PSOL-RJ) discutiram, a partir de posicionamentos contrários a respeito da proposta que altera o Estatuto do Desarmamento, aprovada em comissão especial da Câmara.
Na tarde desta quinta-feira, o Diário Catarinense procurou os deputados para falar sobre o episódio. Leia abaixo a conversa com Jean Wyllys:
João Rodrigues: "Defendendia uma posição e ele partiu para o ataque pessoal"
Como o senhor avalia aquele episódio em plenário com o deputado João Rodrigues?
Jean Wyllys - O deputado João Rodrigues não está acostumado ao ambiente democrático, ao debate de ideias. Ele reagiu a informações que são do Ministério Público com declarações ofensivas, agredindo. Eu fiz o contraponto da porrada. De que bandido ele está falando? Para o Procurador-Geral da República, Eduardo Cunha (presidente da Câmara) é bandido. Para o Ministério Público, ele próprio é bandido, já que foi condenado por improbidade administrativa (quando vice-prefeito de Pinhalzinho, em processo ainda em fase de recurso no STJ). Ele reagiu me atacando pessoalmente. Diz ser homem de bem, mas como ser homem de bem se foi condenado numa ação penal?
O senhor acha que esse clima beligerante no Congresso tende a se manter?
Wyllys - Eu espero que não. Tem uma cultura política que está mudando de um sistema político fechado, que sempre foi tocado por essas pessoas que acham que são a sociedade, mas estão abaixo da sociedade. Além disso, tem o fato de o PSDB não ter aceitado a derrota nas urnas (em 2014) fez o Brasil rachar. Se tem um culpado da crise no Brasil hoje é o PSDB, que não aceitou o resultado das urnas.
O senhor está tendo que mudar seu tom para conviver com um Congresso mais conservador?
Wyllys - Não, ao contrário. Se mudo o tom é para expor mais a posição. Se a gente não se coloca de uma maneira mais incisiva, o próprio espaço político coloca, porque eles tentam constranger a gente de toda maneira
Santa Catarina é um Estado conservador na sua visão?
Wyllys - Eu não faria essa avaliação. Acho que em Santa Catarina há pessoas conservadoras, com inclinações até fascistas. Mas há pessoas progressistas, gente muito bacana. Florianópolis elegeu como vereador mais votado, o Tiago (Tiago Silva, do PDT). Não acho que Santa Catarina não é mais conservador. Acho que o João Rodrigues não representa o catarinense.