Não são só as grandes empresas e os órgãos públicos que estão sofrendo os efeitos da crise econômica. Em Santa Maria, as entidades beneficentes também estão passando por dificuldades. Um levantamento feito pelo "Diário" com 15 instituições da cidade apontou que nove delas tiveram, em média, queda de 10% a 30% das doações espontâneas nos últimos meses.
Locais que sempre puderam contar com o apoio das contribuições de voluntários hoje vivem uma realidade um pouco diferente. Além da diminuição das doações em dinheiro (via telemarketing), a maior parte das associações também deixou de receber alimentos, principalmente leite, carnes e óleo.
No Abrigo Espírita Oscar José Pithan, outro problema afeta o caixa: são R$ 3 mil por mês de gastos na compra de fraldas geriátricas. De acordo com a secretária administrativa Juliana Dias Medina, são necessárias 500 fraldas por semana, o que dá aproximadamente 2,5 mil unidades por mês. Com a alta dos impostos, o valor da unidade do produto já sofreu reajuste.
- Até setembro, nós conseguíamos comprar a unidade da fralda por R$ 0,80. Agora, estamos pagando R$ 1,10 a unidade. Além disso, nós gastamos cerca de 24 litros de leite por dia. Hoje, nós temos apenas 10 caixas de 12 litros no estoque, o que dá para uma semana. Estamos comprando só o limite - explica.
Atualmente o local abriga 36 idosos. De acordo com a direção do abrigo, as doações caíram de 20% a 30% nos últimos cinco meses. Apesar das dificuldades, a entidade consegue manter o pagamento dos 20 funcionários da casa em dia.
No Lar Vila Das Flores, a situação também preocupa. Segundo o diretor da instituição, Alan Machado Maciel, três profissionais estão com o salário atrasado há dois meses. A entidade, que vive apenas das doações, teve uma queda de aproximadamente 25% nas contribuições.
Dedução do IR
Para aumentar o número de colaborações, a prefeitura de Santa Maria pretende lançar, ainda no fim deste mês, a campanha "Leão do Coração". A ação visa estimular a doação dirigida do Imposto de Renda (IR) para as associações. As instituições receberão um material com informações que esclarecem como a doação pode ser feita. A ideia é proporcionar às entidades o conhecimento necessário para facilitar as arrecadações.
- Para atingir um número maior de pessoas e trazer mais benefícios, as entidades precisam melhorar a captação de recursos. É possível abater parte do valor a ser pago ao IR com doações, e nós queremos que o recurso fique no município - explica a secretária de Desenvolvimento Social Margarida Mayer.