São pouco comuns investigações da Polícia Civil sobre lavagem de dinheiro do tráfico, algo no qual a Polícia Federal é especialista. Desta vez os policiais civis se esmeraram, recuperando terreno perdido em decorrência das paralisações - compreensíveis - de protesto pela interrupção no pagamento dos salários.
Azar da quadrilha do Xandi que os homens de preto atuaram com tudo. Como se vê pela frota de táxis e os R$ 5,5 milhões em imóveis e bens adquiridos por integrantes do bando, os criminosos diversificaram os investimentos.
Para quem não está habituado, uma dica sobre lavagem de dinheiro: nem sempre ela é feita para dar lucro. Pelo contrário. Muitas vezes a quadrilha perde dinheiro ao investir em negócios pouco vantajosos. Isso pouco importa. O necessário é esconder a origem da grana ilegal. Nem que para isso seja necessário comprar carrocinhas de venda de pipoca, vender gelo para esquimó ou salgadinho do deserto do Saara - ou seja, perder tempo. Ganham é no disfarce. Como as polícias e a Receita Federal vão provar que aquele bem, em nome de "laranjas", é fruto do tráfico de drogas?
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Bom, assim pensam os traficantes quando lavam dinheiro. O que eles desconhecem é que as polícias (Civil e Federal) e o Ministério Público (Estadual e Federal) contam hoje com laboratórios para identificar lavagem de dinheiro. Computadores com programas que conseguem rastrear remessas e compras no país e no Exterior, cruzando dados, endereços, contas bancárias e declarações. Listando amigos, conhecidos, familiares. E provando, ao final, que o planeta é uma aldeia. Inclusive o mundo do crime organizado.