O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu, nesta quinta-feira, às investigações por supostos crimes de corrupção que envolvem sua família. Ele pediu que ninguém fique com pena e afirmou que vai sobreviver ao que classificou de "três anos de muita pancadaria".
- Aprendi com a vida a enfrentar adversidade. Se o objetivo é truncar qualquer perspectiva de futuro, então vão ser três anos de muita pancadaria. E, podem ficar certos, eu vou sobreviver - afirmou o ex-presidente em discurso de mais de uma hora durante reunião do diretório nacional do PT, na capital federal.
Após ser criticada por Lula, Dilma parabeniza ex-presidente no Facebook
Lula brincou com a Operação Zelotes, em que o seu filho mais novo, Luis Claudio, é investigado por ter recebido dinheiro de uma empresa suspeita de comprar uma Medida Provisória para beneficiar montadoras.
- Tenho mais três filhos que não foram denunciados, sete netos e uma nora que está grávida. P..., não vai terminar nunca isso? - disse.
O ex-presidente afirmou que as investigações criaram um "problema desgraçado" na família dele.
- Disseram que uma nora recebeu R$ 2 milhões. Aí vão perguntar quem está rico na família. Daqui a pouco uma nora entra com um processo contra a outra - brincou, arrancando risos da plateia.
Cotados para disputar a Presidência em 2018 têm alta rejeição, diz Ibope
Apesar do desgaste do PT diante dos escândalos de corrupção e da crise econômica e política que abate o governo Dilma Rousseff, Lula avaliou que a legenda tem chances de ganhar as eleições de 2016 em São Paulo, cidade que o partido já comanda, com o prefeito Fernando Haddad. Ele defendeu que a militância deve reagir às acusações de roubo.
- Pode ficar certo que nós temos chances de ganhar a capital de São Paulo - afirmou o ex-presidente.
Amigo de Lula nega ter feito repasse de dinheiro a nora de ex-presidente
Ele reconheceu que o PT cometeu erros, "mas qual partido conquistou mais credibilidade do que o nosso, qual fez mais pelo povo do que o nosso?", questionou. Lula também defendeu que, em época de dificuldades econômicas, a militância tem de ir para a rua.
- A única coisa que não vale é se esconder - afirmou.
Lula sinaliza que não pretende ser candidato em 2018
De acordo ele, o povo votará no pleito de 2016 em função da realidade de cada cidade, defendendo que é preciso construir um programa específico para o clima de cada local.
- Portanto, temos que estar preparados para surpreender nossos adversários. Não podemos ficar de cabeça baixa ouvindo o PT ser chamado de ladrão - acrescentou.
O ex-presidente afirmou que os petistas que desejarem sair do partido encontrarão a mesma "porta aberta de carinho" que encontraram para entrar.
Marcelo Rech: acabou o gás
- O que não dá é para a gente disputar com companheiros que, na primeira dificuldade, querem puxar o carro - afirmou, sem mencionar nomes em seu discurso de mais de uma hora de duração a membros do diretório.
PF adia depoimento de filho de Lula
A Polícia Federal adiou o depoimento do empresário Luís Cláudio Lula da Silva, que estava previsto para esta quinta-feira. Investigado na Operação Zelotes, o filho de Lula foi intimado a depor em inquérito que investiga a edição de medidas provisórias que teriam favorecido grupos empresariais do setor automotivo.
Inicialmente, os agentes da PF estiveram em um endereço no município de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, que seria a residência de Luís Cláudio. Depois, eles se dirigiram aos Jardins e localizaram o filho do ex-presidente no final da noite de terça-feira.
Nesta quinta, advogados de Luís Cláudio estiveram na PF e solicitaram a mudança do dia do depoimento do filho do ex-presidente.
Luís Cláudio é dono das empresas LFT Marketing Esportivo e Touchdown. Na última segunda-feira, a Polícia Federal e a Receita Federal cumpriram mandados de busca e apreensão na sede dessas empresas, também localizadas nos Jardins. No começo do mês, a Operação Zelotes passou a investigar a LFT Marketing Esportivo por ela ter recebido R$ 2,4 milhões de uma das consultorias suspeitas de fazer lobby pela edição da Medida Provisória 471, que prorrogou benefícios fiscais de montadoras de veículos.