Pense em algo fascinante. Há milhares. Agora, em algo fascinante e destruidor. Sei de alguns. Mas só conheço uma coisa que seja fascinante e destruidora e que ninguém vive sem: a fotografia.
Mesmo que você se ache feio ou feia ou odeie posar diante de uma lente, você cruza com fotos o tempo todo, todos os dias: seja no celular, no porta-retrato, no jornal, no site de sua preferência, na rede social, na imagem de fundo em seu computador. Portanto, a fotografia está presente na vida da maioria dos 6 bilhões de viventes deste planeta. E o mais incrível da foto é que ela mescla fascínio e destruição em questão de segundos. Vamos aos exemplos.
1) Quando as máquinas (e só as máquinas) faziam fotos graças a filmes de 12, 24 ou 36 poses, vivia-se o suspense até a revelação das imagens. Era fascinante ver as que ficaram boas. Mas quando faltava foco ou sobrava tremedeira, dias de expectativa se destruíam. Era batizado com a mão do padre na frente da criança e por aí vai.
2) Já neste século, com câmeras em celulares, o fascínio casou-se com o egocentrismo, a lua-de-mel foi nos EUA e nasceu a "selfie". Já vi muita gente nem admirar direito a paisagem: gasta todo o tempo esticando o braço e tentando se enquadrar no foco. A indústria até já criou um botão para permitir que a imagem a ser tirada fique no mesmo sentido da foto, evitando que sejam feitas várias tentativas "às escuras". Mas o fascínio da selfie é destruidor quando a pessoa é atrapalhada ou traíra. Li ontem que uma mulher fez uma nude (selfie assanhada), mandou para o marido, mas esqueceu de tirar da cena as botas do amante. Resultado: a fotografia destruiu o casamento da fulana!
3) Mas pior é que a foto está matando. Centenas de pessoas (três delas em Santa Catarina, neste mês) caíram de penhascos, por exemplo, por tentar selfie e esquecer onde pisa. Literalmente, quando o assunto é fotografia, o fascínio pode estar a um passo da destruição. E até da morte.
* Diário Gaúcho