Depois de quase 50 anos sendo realizada no campus da UFSM em Camobi, a Expofeira de Santa Maria procura um novo lar. A Associação Rural, que organiza o evento, ainda espera negociar com a reitoria, mas já está articulando a compra de uma área rural para construir um parque de exposições privado. Enquanto isso, os prédios e salas que já existem no Centro de Eventos da UFSM recebem, pouco a pouco, novas aplicações.
O antigo pavilhão da micro e pequena empresa agora é a sede da Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia (Agittec) e hospeda empresas que saíram da Incubadora Tecnológica. Há casas que já foram destinadas para a Incubadora Social. A próxima mudança é a adaptação de um dos pavilhões construído para abrigar animais durante a Expofeira. Ele receberá o patrimônio arqueológico coletado na região em grandes obras.
- Antigamente, o Centro de Eventos era periférico no campus. Hoje, ele é central e está recebendo laboratórios e outras instalações voltadas ao desenvolvimento tecnológico, o que é muito mais interessante para a região do que a realização da Expofeira ali. Em épocas de crise, não podemos deixar espaços públicos ociosos - afirma o reitor Paulo Burmann.
As instalações do local pertencem ao patrimônio da universidade desde o vencimento dos contratos de comodato, que permitiram a construção de cada prédio por empresas e entidades que participam da Expofeira. Embora reconheça a legalidade dessa aplicação do espaço público para outros fins, o presidente da Associação Rural, Rodrigo Ribas, reclama:
- Tudo isso foi construído voltado para atividades rurais. Foi assim desde o começo e, lá na época do Mariano da Rocha, o entendimento era que os convênios se renovassem e o parque de exposições continuasse com a finalidade com que foi criado.
A entidade também questiona que passe a ser impedida a realização da Expofeira no local, por conta dos altos preços de aluguel cobrados. Neste ano, o valor inicial era R$ 80 mil e foi reduzido para R$ 50 mil após a negociação.
- Esse valor inviabiliza a feira ali, condena à falência - diz Ribas.
O secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Rodrigo Menna Barreto, vê o cenário com preocupação. Ele já atuou na diretoria da Associação Rural e acompanha de perto o desenvolvimento da Expofeira que, antigamente, era organizada em parceria por associação, Sindicato Rural e UFSM. Com o tempo, apenas a primeira se manteve responsável pelo evento.
- Vejo com tristeza a UFSM estar conduzindo desta forma, sem ouvir a comunidade. É uma história de trabalho construída pelos produtores. O campus tem 300 hectares, é impossível que não haja outras áreas para essas atividades. Mas ainda vejo espaço para diálogo e negociação, e a prefeitura vai participar - afirma Menna Barreto.
Burmann disse, em entrevista, que na época do vencimento dos comodatos, todos os setores envolvidos foram comunicados e que houve, sim, diálogo com a comunidade. O reitor acrescenta, ainda, que a pista central, usada para avaliações dos animais e também para o treinamento de equipes esportivas, a pista de remates e as mangueiras anexas e a pista usada para a equoterapia não serão afetados pelas mudanças.
Alternativa seria um parque 100% privado
Independentemente de realizar a próxima Expofeira no campus da UFSM ou não, a Associação Rural já trabalha na aquisição de uma sede para construir um parque de exposições privado. A intenção é vender a sede da entidade, que fica na Rua Venâncio Aires, e adquirir uma propriedade rural. A feira passaria a ser realizada no local e, aos poucos, a renda do evento seria revertida na construção das instalações permanentes necessárias.
- É o que vamos fazer. Ter um parque 100% privado, com participação 100% privada. Ficará mais difícil a participação gratuita de estudantes da UFSM ou de pequenos produtores assistidos pela prefeitura - diz Rodrigo Ribas, presidente da Associação Rural.
Ribas explica que já está em negociação a troca do prédio e do terreno na cidade por uma área na zona rural.