A jovem de 19 anos que foi feita refém pelo autor confesso de um homicídio, ocorrido em Santa Maria, conversou com o Diário e relatou como foram as duas horas em poder do suspeito.
Na noite deste sábado, ela, sua avó, de 65 anos, e seu namorado, um adolescente de 17 anos, estavam em casa, na Vila São Serafim, bairro Pinheiro Machado, quando o suspeito do homicídio entrou. Depois de render os três com um revólver calibre 38, Adilson José Simão apontou a arma para a cabeça da jovem e disse que queria se esconder e não machucaria ninguém.
Ele se entregou após falar com familiares e negociar a rendição com o Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar. Na Delegacia de Pronto-Atendimento da Polícia Civil, Simão confessou em depoimento que estava estar fugindo de um homem que queria matá-lo porque Simão assassinou Diego Oliveira de Almeida, vítima do 44º homicídio deste ano em Santa Maria. O crime ocorreu na Rua Venâncio Aires, no bairro Passo D'Areia, na última quinta-feira.
O suspeito foi apresentado na DPPA onde foi lavrado o auto de prisão em flagrante. Simão foi encaminhado à Penitenciária Estadual de Santa Maria depois de confessar o assassinato e o cárcere privado.
Confira a entrevista com a vítima:
Diário de Santa Maria _ Como o suspeito entrou na casa?
Vítima _ Eu estava tomando banho. Meu namorado estava no lado de fora da casa e encontrou o homem, que apontou a arma para ele e o fez levá-lo para dentro. Estava eu, minha avó e o meu namorado.
Diário _ Seu namorado e sua avó conseguiram sair de casa. Como?
Vítima _ Um vizinho bateu à porta para entregar uma panela. Minha avó saiu para pegar a panela e foi para a casa do vizinho. Ela ligou para a polícia (Brigada Militar). O homem disse que queria se entregar porque tinha matado outro homem. Ele mandou meu namorado trancar as portas, sair e jogar a chave para dentro (pela janela). Meu namorado tentou trocar de lugar comigo, mas ele não quis. Daí, meu namorado saiu. O homem me pegou pelo pescoço e ficou comigo na janela.
Diário _ Depois que a Brigada chegou, como foi a negociação?
Vítima _ O homem ficou conversando com a polícia, mas disse que só me soltaria se falasse com alguém da família dele. A irmã dele falou com ele. Os policiais pediram para ele descarregar a arma. Ele descarregou, depois soltou a arma pela janela e eu saí. Ele foi preso, depois disso.
Diário _ Você teve medo que ele atirasse?
Vítima _ Fiquei morrendo de medo porque ele estava muito nervoso, poderia apertar o gatilho...
Diário _ Ele ameaçou vocês em algum momento?
Vítima _ Ele não foi violento. Só falou que não era para eu chorar nem falar nada, que ele não queria me machucar. Mas, ficou todo o tempo com a arma apontada para minha cabeça e com a mão envolta do meu pescoço.
Diário _ Ele disse que tinha alguém querendo matá-lo?
Vítima _ Sim, foi o que ele falou, que precisa de ajuda porque tinha alguém atrás dele que queria matá-lo. Ele falava 'ensacolar', nas palavras dele.