De janeiro a setembro deste ano, 1.334 pessoas morreram no trânsito gaúcho. Embora o número assuste, ele é 12,81% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Mais do que isso: 2015 é, até aqui, o ano com menos vítimas fatais desde 2008. Para o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e especialistas em trânsito, a explicação pode estar em outro dado importante: 2015 tem sido o ano com o maior número de multas aplicadas a motoristas infratores quando comparados os três primeiros trimestres de cada ano desde 1998, quando passou a vigorar o Código Brasileiro de Trânsito (CTB).
- As mortes diminuíram em função de uma série de fatores, como a educação para o trânsito, a conscientização dos motoristas através da imprensa. Há, ainda, um esforço muito grande em prol da fiscalização no trânsito, com mais agentes nas ruas e mais fiscalizadores de velocidade nas rodovias - destaca o diretor-geral do Detran, Ildo Mário Szinvelski.
Seja em beco, rua, avenida, estrada ou rodovia, seja a via de responsabilidade do município, do Estado ou da União, o fato é que o trânsito de veículos dentro dos limites estaduais está matando menos, ainda que a frota tenha aumentado nos últimos sete anos. Em 2008, quando morreram 1.435 pessoas, havia em circulação no Estado cerca de 4 milhões de veículos. A frota atualmente ultrapassa os 6,1 milhões - um aumento de 51,95%, conforme dados do Detran.
Conforme especialistas em trânsito, a redução das mortes nas estradas está diretamente ligada à elevação de 22,48% do número de multas aplicadas de janeiro a setembro de 2015, em relação ao mesmo período de 2014. Nos três primeiros trimestres do ano passado, 2.016.502 multas foram aplicadas, número significativamente menor do que as 2.469.831 deste ano.
- Esse é um dos resultados da implantação da Década de Ação pela Segurança no Trânsito lançada pela ONU e pela OMS e que tem como objetivo chegar em 2020 com menos mortes no trânsito do que em 2010. Dentro dessa finalidade, se criaram ações como a Balada Segura e a Viagem Segura. Incremento na fiscalização, com ações assim, e também a aplicação das multas, têm relação direta na diminuição das mortes - considera o coordenador dos cursos da área de trânsito da faculdade Imed e diretor do Departamento de Segurança e Trânsito do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul, André Moura.
Proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Década de Ação pela Segurança no Trânsito instigou governos de todo o mundo a se comprometerem a tomar novas medidas para prevenir os acidentes no trânsito.
- O que faz os condutores repeitarem as leis é o medo das multas. A implantação de câmeras e de pardais tem contribuído para aumentar as multas e, por consequência, diminuir as mortes. A intensificação da fiscalização tem como resultado a mudança no comportamento - avalia o professor da UFRGS João Fortini Albano, especialista em transporte.
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O professor do curso de Formação de Instrutores de Trânsito da Universidade Feevale Eliseu Carlos Raimundo também considera a rigidez da fiscalização um fator importante para a redução das vítimas fatais nas estradas, mas cita a educação como a maior contribuidora.
- As pessoas estão acreditando que a prevenção e o cuidado têm um resultado mais efetivo. Os carros estão andando mais devagar, as ultrapassagens não são tão arriscadas. E, nessa conscientização, o trabalho que os Centros de Formação de Condutores vêm fazendo é essencial. Hoje as pessoas são formadas não só para dirigir, mas para o convívio no trânsito - diz Raimundo.
RAIO X DAS MORTES
Das 1.334 pessoas que morreram nas estradas gaúchas nos três primeiros trimestres de 2015, 383 (28,7%) dirigiam os veículos e 261 (19,6%) eram passageiros, 307 (23%) conduziam motocicletas e 275 (20,6%) eram pedestres.
Sábado foi o dia da semana em que mais pessoas morreram em 2015, com 297 óbitos registrados. Na sequência, os dias que registram mais mortes são domingos (224), sextas-feiras (195), quintas-feiras (182), quartas-feiras (167), segundas-feiras (135) e terças-feiras (134).