A presidente Dilma Rousseff gravou um vídeo em que parabeniza o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo aniversário de 70 anos, que ele comemora nesta terça-feira. A gravação foi postada na página de Lula no Facebook.
Na mensagem, que dura pouco mais de dois minutos, Dilma faz elogios a Lula, relembra sua trajetória como presidente e diz que tem orgulho de caminhar sempre "lado a lado" do ex-presidente.
- Nós, brasileiros reconhecemos seu papel para o país. Ao longo desses anos, aprendi muito com nossa convivência e sou muito grata por isso. Nessa festa dos seus 70 anos, estendo um forte e fraterno abraço, com a satisfação e orgulho de caminharmos sempre lado a lado na missão de transformar em realidade o Brasil com que sempre sonhamos - fala Dilma.
Posted by Lula on Terça, 27 de outubro de 2015
#Lula70"Homenageio o parceiro de todas as horas, o retirante nordestino que transformou o Brasil. O presidente que...
Além da presidente, outros políticos brasileiros e lideranças estrangeiras, além de artistas, como Chico Buarque, também enviaram vídeos em homenagem ao ex-presidente, que foram publicados na página de Lula.
A declaração de Dilma a Lula na rede social, no entanto, se dá em um momento de relações estremecidas entre os dois políticos. Na véspera de completar 70 anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não escondeu a mágoa com Dilma Rousseff e responsabilizou a sucessora pela operação de busca e apreensão feita pela Polícia Federal na empresa LFT Marketing Esportivo, pertencente a Luís Cláudio, seu filho mais novo.
Em conversa com pelo menos três amigos, nesta segunda-feira, em momentos distintos, Lula se queixou de Dilma e disse que a situação "passou dos limites". Para o ex-presidente, Dilma só ouve o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo - que, na sua avaliação, quer apenas "aparecer" -, e não entende que, em nome do combate à corrupção, pode destruir o projeto político do PT.
Em São Paulo, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, tentou ontem pôr panos quentes na crise e acalmar Lula. Não conseguiu.
- O governo não tem qualquer interferência nas investigações. Agora, nem a Operação Lava Jato nem a Zelotes podem ser a agenda do país - disse Wagner. "Precisamos virar essa página."
Lula estará na quinta-feira em Brasília, para participar da reunião do Diretório Nacional petista, e vai pregar uma forte reação do partido ao que chama de "ofensiva" para destruir o PT e o seu legado. Na ocasião, receberá a solidariedade dos correligionários.
Além de Luís Cláudio, o presidente do Sesi, Gilberto Carvalho - chefe de gabinete de Lula de 2003 a 2010 e ministro da Secretaria-Geral da Presidência no primeiro mandato de Dilma - também foi citado no relatório da Operação Zelotes.
Braço direito de Lula, apelidado por ele de "Gilbertinho", Carvalho prestou depoimento ontem no inquérito que investiga a denúncia de compra de medidas provisórias para favorecer o setor automotivo.
Lula teria chamado delações da Lava-Jato de "mentirão premiado"
Um dos amigos que conversaram com Lula contou que ele estava "furioso" e chegou a chamar a delação premiada feita em outras operações, como a Lava-Jato, de "mentirão premiado". Disse, ainda, que o governo Dilma "perdeu o controle" das investigações e que ilações são vazadas, sem prova, para enfraquecê-lo e impedir uma nova candidatura dele, em 2018.
No diagnóstico de Lula, a Polícia Federal está cometendo "abusos", com desrespeito à Constituição, e os acusados não têm acesso às acusações para se defender.
- A gente não pode permitir que ladrões queiram pôr na nossa testa o carimbo da corrupção - afirmou.
Abatido, ele disse não querer impedir nenhum inquérito e lembrou que, em 2007, até seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, foi investigado pela PF na Operação Xeque Mate. Comentou, porém, que, à época, não havia "perseguição".
O ex-presidente disse ter perdido até mesmo o ânimo para comemorar, hoje, o seu aniversário, mas o Instituto Lula vai organizar uma reunião para lembrar a data. Os amigos queriam promover uma festa para Lula, na quinta-feira, no restaurante São Judas, em São Bernardo do Campo (SP). Na semana passada, porém, ele pediu para cancelar a confraternização.
Em nota, o Instituto Lula afirmou que "não têm qualquer fundamento" as informações de que o ex-presidente responsabilizou Dilma pela ação da Polícia Federal.