Quem não se recorda dos tempos de infância da brincadeira "dança das cadeiras"? Nela, o número de assentos é sempre um a menos que o total de participantes. E quem não senta primeiro, quando a música para, dança. Ou seja, sai fora do jogo. Fazendo uma analogia com a política, quem não se mexer agora, a pouco mais de um ano para o pleito, pode ficar sem ter onde sentar ou com o pior lugar. Isso vale para o surgimento de novos nomes, troca de partido e acordos e alianças, que estão sendo costuradas.
Nos bastidores, há nomes que foram ventilados para estrear na política e estão praticamente descartados. O delegado da Polícia Civil Marcelo Arigony, que foi convidado por vários partidos e demonstrou uma inclinação, na sexta-feira, disse estar indeciso com tendência a não se filiar a sigla alguma.
Há a possibilidade de surgir três empresários conhecidos na cidade como candidatos no ano que vem. O PR confirmou a filiação do ex-presidente da Cacism, ex-secretário municipal de Turismo, Paulo Cechin. O empresário não quis comentar o caso.
- O problema é que se filiar significa estar marcado para o resto da vida. Além disso, as pessoas vão falar que você aproveitou a exposição em entidades ou na sua atividade profissional para alavancar uma carreira política. Então, os "bons" acabam não indo para a política - afirmou um empresário bem conhecido na cidade e que, apesar do assédio, diz que não quer nenhuma ligação com a área.
O PDT espera, nos próximos dias, anunciar a filiação de um empresário, que poderia ser pré-candidato a vice-prefeito ao lado do vereador Marcelo Bisogno.
Para quem já está na política, a "dança das cadeiras" envolveu a suposta troca de partido de dois vereadores, que foram sondados e acenaram com a possibilidade sair da sigla de origem. Entre tantas ameaças, apenas um deve mudar até o fim da próxima semana.
Entre os tradicionais
Dos partidos que já apresentaram seus pré-candidatos, alguns vão aparecer na urna, outros, talvez, como vice ou, até mesmo, apenas como articuladores em chapas maiores. O tempo de rádio e de TV, o tamanho do partido e outros interesses serão determinantes para continuar ou sair de cena. PDT, PPL, de Werner Rempel, e PSB, de Fabiano Pereira, andam conversando bem de perto.
Algumas indefinições são conhecidas e geram boatos e fatos concretos sobre o tema. Uma delas é a respeito do desdobramento da saída definitiva ou temporária do vice-prefeito, José Haidar Farret (PP), que encontra-se inelegível, em decorrência de uma condenação por estelionato da Justiça Federal.
O PMDB se mostra coadjuvante no atual cenário e dificilmente terá um nome para prefeito, mas pode apresentar para compor como vice, representado pelos secretários municipais Tubias Calil ou Magali da Rocha. Sem Farret, o PP poderia aposta em algum nome da Câmara: Sandra Rebelato e Paulo Denardim dizem que não concorrem nem a vereador.
Outra interrogação envolve o deputado estadual Jorge Pozzobom (PSDB), que adotou o silêncio, mas ainda não teria um nome para vice. Já o colega de Assembleia e ex-prefeito Valdeci Oliveira buscou um vice desvinculado da político tradicional e, na última sexta, demonstrou simpatia com a filiação partidária do PR. O petista, que já trabalhou com Ceccim como seu secretário de Turismo, escreveu no Twitter: "Paulinho é muito comprometido com Santa Maria e, certamente, contribuirá pra qualificar a política local".
Pesquisas e a ausência de um perfil
Até a realização das convenções partidárias, que devem ocorrer entre junho e julho de 2016, as siglas realizam as primeiras pesquisas eleitorais internas. As sondagens são uma tentativa de dosar índices como "aceitação" e "rejeição" de quem se jogará ao pleito. Os partidos fazem o maior número de combinações possíveis visando saber como estão seus possíveis candidatos e, mais, ter um termômetro dos prováveis adversários.
- Não tendo rejeição, já é uma vitória - brinca, um pré-candidato à prefeitura.
Um recorte deste período pré-eleitoral pode ser feito no Legislativo. Por lá, os 21 vereadores - em maior ou menor intensidade - se articulam e trabalham os seus nichos eleitorais para, assim, assegurar votos aos prefeituráveis.
O PT centra seus esforços em mobilizar a militância. O PP aguarda uma definição, já que Farret se mostra impossibilitado de receber voto. Por consequência, o PMDB aguarda uma sinalização dos progressistas, já que hoje os peemedebistas seguem reféns de um nome expressivo.
O PDT está com o bloco na rua. O PTB está à espera da resposta de um misterioso empresário. O DEM não parece, no momento, ter interesse de alçar voo solo e avalia quem apoiará. O PR aposta em Paulo Ceccim e, segundo a vereadora e presidente do partido, Anita Costa Beber, a sigla não quer aproximação do PMDB. O PSDB segue no aguardo de seu maior nome: Jorge Pozzobom.
"Os bons não prosperam"
O cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Kramer cita as motivações para tanto descrédito da classe política:
- Em regra, o sujeito quer uma "boquinha". Os partidos têm hoje dois tipos de políticos: os profissionais da política, que são os caciques, e aqueles, do baixo clero, que querem se locupletar. Os bons, e poucos que surgem, não prosperam.
Quem mira a prefeitura
Os pré-candidatos apontados pelos partidos com representação na Câmara ou já anunciados, com o respaldo da sigla:
PDT - Marcelo Bisogno
PMDB - Uma ala cogita os nomes de Magali Marques da Rocha (secretária de Habitação) outra, de Tubias Calil (Infraestrutura). Mas ainda aguarda a definição do PP
PP - Indefinido. José Haidar Farret está, no momento, inelegível em decorrência de uma condenação da Justiça. Sigla resiste em falar em "plano B"
PR - Paulo Ceccim. O empresário teria assinado ficha há cerca de duas semanas
PSB - Fabiano Pereira
PSD - Moacir Alves
PSDB - Aposta é no nome de Jorge Pozzobom (deputado estadual). Mas fala-se em João Ricardo Vargas (vereador)
PT - Valdeci Oliveira (deputado estadual)
PPL - Werner Rempel (vereador)
PSol - Tiago Aires (estudante de Direito)