Com a provável criação de um ministério da Cidadania na reforma administrativa, o atual ministro-chefe da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Pepe Vargas (PT-RS), se prepara para deixar à Esplanada e retomar o mandato de deputado federal.
- Confirmando a fusão, eu volto para a Câmara. É um problema a menos para a presidente - afirma Pepe.
O gaúcho se reuniu na manhã desta quinta-feira com a presidente Dilma Rousseff e ouviu que a intenção do Palácio do Planalto é fundir na mesma pasta a SDH, a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, a Secretaria de Política para as Mulheres e parte da Secretaria-Geral. O favorito para assumir a nova estrutura, que pode receber o nome de Ministério da Cidadania, é Miguel Rossetto, atual titular da Secretaria-Geral.
Ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA) entre 2012 e 2014, no primeiro quadriênio de Dilma, Pepe Vargas durou nove meses na Esplanada no segundo mandato. Assumiu em janeiro a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável pela articulação com o Congresso, porém acabou rifado após a estratégia desastrada do governo de apoiar Arlindo Chinaglia (PT-SP) na disputa pela presidência da Câmara. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) venceu e praticamente impôs a saída do gaúcho do cargo em abril.
Como desfruta do apreço de Dilma, Pepe permaneceu como ministro, transferido para SDH, considerada um "prêmio de consolação". Sua gestão durou pouco mais de cinco meses - tomou posse em 10 de abril de 2015. Com o retorno do petista à Câmara, o atual deputado Fernando Marroni (PT-RS) deixará o mandato, já que é suplente.
O desenho da reforma administrativa conduzida por Dilma, concebida para cortar 10 ministérios, ainda sofre ajustes e o anúncio pode ocorrer somente na próxima semana. O PT acertou o seu espaço. Seguirá com Aloizio Mercadante na Casa Civil, que perde força política, pois sua pasta cuidará mais de gestão do governo. A articulação será conduzida por Ricardo Berzoini em uma fusão da SRI com parte da Secretaria-Geral.
Defendido por movimentos sociais, o Desenvolvimento Agrário será preservado e ainda receberá a área que cuida da pesca artesanal - a Pesca será dividia entre MDA e Agricultura. Patrus Ananias (PT-MG) segue à frente da pasta.
Dilma ainda pretende fundir Trabalho, Previdência e Desenvolvimento Social, estrutura que também ficará com o PT. Desalojado do Trabalho, onde mantém Manoel Dias (PDT-SC), o PDT receberá as Comunicações - o deputado federal André Figueiredo (CE) deve ser o novo ministro.
A permanência do PTB no Desenvolvimento, Indústria e Comércio depende do comprometimento da bancada no Congresso. A mesma lógica vale para PRB (Esporte) e PP (Integração Nacional).
Para definir a reforma, Dilma ainda precisa acertar a distribuição do lote PMDB. O partido do vice Michel Temer pode ficar com até seis vagas. Agricultura (Kátia Abreu) e Minas e Energia (Eduardo Braga) estão acertadas e serão da cota da bancada do Senado. A bancada da Câmara levará a Saúde, que pertence ao PT, e uma pasta de infraestrutura.
O Planalto cogita desistir da fusão de Portos e Aviação Civil a fim de acomodar aliados de Temer e de Renan Calheiros (PMDB-AL). Assim, Eliseu Padilha (PMDB-RS) permaneceria na Aviação e Helder Barbalho (PMDB-PA) seria deslocado da Pesca para os Portos. Outra intenção é preservar o Turismo, porém permanece a dúvida sobre a permanência do atual ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).