O deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) foi citado nas investigações da Polícia Federal sobre o esquema de corrupção no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, segundo divulgou a Folha de S. Paulo. O nome do parlamentar teria surgido nas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sobre denúncias no Carf, nas quais uma das empresas citadas é o Grupo RBS.
Motta foi vice-presidente jurídico e institucional da empresa, de onde se desligou em 2009, antes de se eleger à cadeira na Câmara. Como é deputado federal, ele tem foro privilegiado e só pode ser investigado com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda vai analisar o material coletado pela PF e decidir se pedirá ou não abertura de inquérito.
Motta não é a única autoridade com foro privilegiado que aparece na investigação da PF. O nome do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes também foi citado. Ele é o relator do processo em que estão sendo julgadas as contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff. A Polícia Federal não informa quais são os indícios de participação de Nardes e Afonso Motta. Ambos negam que tenham atuado em qualquer tipo de ilegalidade no Carf, assim como a RBS.
Em nota, o Grupo RBS informou que o deputado Afonso Motta deixou a empresa em 2009 para exercer carreira política. Sobre Augusto Nardes, a RBS esclareceu que "jamais celebrou qualquer tipo de contrato nem manteve vínculo profissional de espécie alguma" com o ministro.
O deputado Afonso Motta afirma que, quando trabalhava na RBS, jamais soube de qualquer irregularidade nos julgamentos da empresa no Carf. Ele também diz que nem sequer sabia da citação ao seu nome.
- Suponho que, se houve citação a mim, é porque participei da contratação do escritório de advocacia que representava a RBS junto ao conselho - afirmou o parlamentar.
Nardes afirmou que jamais cometeu ilegalidades e que nunca atuou em favor dos interesses de escritórios e empresas investigadas.
O ministro disse que foi sócio de um escritório de contabilidade, mas que se desvinculou da função há mais de dez anos, em junho de 2005. "Esse escritório ficou no nome do meu sobrinho. Não foi alvo de busca nenhuma e, pelo que ele me disse, não tem nada de irregular."