No lugar de uma festa de aniversário, regada a abraços, beijos e desejos de longevidade, o que resta para a família de Elvino Nunes Adamczuk é fazer uma passeata pedindo mais segurança e lamentando a sua morte. O empresário, morto durante uma troca de tiros entre a Brigada Militar e assaltantes na noite do dia 4 de setembro, na Avenida Getúlio Vargas, será homenageado no sábado, dia em que completaria 49 anos.
Moradores de rua entregam carta à família de empresário
Com cartazes e faixas, integrantes do grupo SOS Menino Deus, ao lado de amigos e familiares de Adamczuk, tomarão a avenida onde o crime aconteceu para exigir um olhar mais atento da Brigada Militar para a insegurança no bairro. A concentração ocorre às 9h30min em frente à padaria Santo Antônio, no número 108, de propriedade da família da vítima. O início da passeata em direção à Igreja Menino Deus está previsto para as 11h.
- Estamos trabalhando por melhores condições de segurança e queremos, com essa passeata, chamar a atenção, pois estamos absolutamente esquecidos pela segurança pública. O policiamento é precário, e o bairro está completamente abandonado - diz Cristiano Volkmann, um dos coordenadores do SOS Menino Deus.
Comércio do Menino Deus fecha as portas em homenagem a empresário morto
A morte de Adamczuk mudou a rotina da família e do bairro onde morava o empresário. A padaria tem fechado mais cedo, e as ruas esvaziam assim que escurece.
- Contratamos um segurança para ficar na porta e fechamos a padaria às 19h, no máximo 19h30min, quando tem cliente dentro. Não se vê mais ninguém na rua à noite - afirma a viúva de Adamczuk, Adriana Paula Adamczuk, 43 anos.
Insegurança tira belvedere de roteiro de ônibus no Morro Santa Tereza
Como se houvesse um sinal de recolher, a partir das 20 horas, a família evita ao máximo sair de casa.
- Tem sido muito difícil recomeçar, trabalhar, em função da insegurança.
Outra ação do SOS Menino Deus está marcada para ocorrer no dia 21 de outubro, às 18h30. Desta vez, será uma audiência pública na Assembleia Legislativa com autoridades municipais e estaduais ligadas à segurança.
O QUE DIZ A BRIGADA MILITAR
A área onde Adamczuk foi morto pertence ao 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Porto Alegre e, segundo o comandante, tenente-coronel Francisco Vieira, o local não apresenta alto índice de criminalidade, o que explica a inexistência de policiais fixos.
- Não há falta de policiamento, tanto que no dia do assalto houve confronto entre os criminosos e a Brigada Militar. Temos gente a pé e de moto passando por aquela área constantemente. Só que ali não há grande incidência de roubo ou furto. Preciso agir com inteligência e colocar meu efetivo fixo onde há alto índice de criminalidade - destaca o comandante.
O tenente-coronel se diz favorável à passeata, pois o sentimento de insegurança, segundo ele, assola não só o bairro Menino Deus e Cidade Baixa, mas todo o país.
- Nós estamos muito comovidos. A vítima era nosso conhecido e uma pessoa querida no bairro.