Zuniga com o presidente Obama, na Casa Branca
Foto: Pete Souza/Casa Branca
O novo cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, Ricardo Zuniga, assumiu em julho o posto no qual responde pelo distrito formado pelos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Casado e pai de duas filhas, o diplomata tem em seu currículo a participação nas primeiras negociações que levaram à reaproximação entre Estados Unidos e Cuba.
Por meio de reuniões com colegas cubanos, ajudou a alinhar os acordos iniciais que pavimentaram o caminho para a reabertura das respectivas embaixadas nos dois países. Além disso, Zuniga atuou como conselheiro político da embaixada americana em Brasília entre 2010 e 2012, entre outras funções diplomáticas. Em Porto Alegre, onde esteve pela primeira vez como turista em 1992, programou visitas ao prefeito José Fortunati e ao governador José Ivo Sartori. Na manhã de desta quarta-feira, esteve na sede da RBS, onde concedeu a seguinte entrevista.
Qual a previsão atual de abertura do consulado americano em Porto Alegre?
No final de 2016, início de 2017. Neste período, poderemos concluir as obras e iniciar o trabalho. A parte mais importante da reforma do prédio começou agora em junho, julho. Chegaram equipes para desenvolver a construção. Se passar pelo prédio, vai ver que estão trabalhando lá todos os dias. É uma grande reforma.
Antigo cônsul americano visitou obras na Capital em junho
Implantação do consulado interfere na rotina da Zona Norte
Havia uma estimativa de que se emitiriam cerca de 100 mil vistos por ano por Porto Alegre. O atual cenário econômico do Brasil e a alta do dólar alteraram a expectativa em relação à demanda de vistos?
Temos certeza de que este ciclo negativo na economia brasileira vai mudar. Vamos ter de novo um ciclo positivo e um incremento importante (na emissão de vistos). Queremos ter a capacidade de atender, aqui em Porto Alegre, a uma demanda que vemos como crescente. Através das décadas, fica muito claro que essa demanda vai continuar. É um ciclo, e vamos ver um crescimento importante não só na economia, mas na demanda. É uma aposta no Brasil. O consulado em Porto Alegre representa uma aposta no Rio Grande do Sul.
Durante esse período de instabilidade econômica no Brasil, os EUA esperam uma mudança no perfil de quem viaja para lá, com mais pessoas pedindo visto de turista com intenção de ir trabalhar? Isso pode mudar o processo de análise da concessão de vistos para brasileiros?
Isso sempre vai ser um fator em qualquer procedimento de visto. Em qualquer país do mundo, sempre existem pessoas que procuram trabalhar nos Estados Unidos. Para nós, o mais importante é que a clara maioria dos brasileiros vai como visitante e conforme está autorizado no visto. Para os Estados Unidos, o turismo do Brasil segue sendo sumamente importante.
Em relação à discussão sobre a eliminação da necessidade do visto para brasileiros, há algum avanço?
O que vem sendo discutido é como ambos os países podem facilitar o trânsito entre Brasil e Estados Unidos. Alguns elementos disso serão de longo prazo. O que agora estamos focando é como podemos facilitar viagens dos visitantes que vão com grande frequência de um país para o outro.
O senhor participou do início das negociações entre Estados Unidos e Cuba. Que reflexos essa aproximação terá na América Latina?
A relação com o Brasil é uma das mais importantes para os Estados Unidos. Com todos os países da América, inclusive o Brasil, ficava claro que a questão política com Cuba, que não mudou ao longo de décadas, estava afetando a relação. Países com valores compartilhados em relação à democracia, como Brasil e Estados Unidos, queriam procurar a melhor forma de estimular o desenvolvimento de todos os países das Américas, inclusive Cuba. Para os Estados Unidos e para o presidente Obama, ficou claro que tínhamos de mostrar que temos uma política pragmática focada no desenvolvimento e na busca da forma mais eficaz de promover os nossos valores compartilhados. Parte disso foi mudar uma política que não teve êxito ao longo de cinco décadas por outra muito mais eficaz.
E que participação direta o senhor teve nessa relação com Cuba?
Estava no Conselho Nacional de Segurança, e eu e um colega fizemos a negociação com a parte cubana para desenvolver um marco para o restabelecimento das relações diplomáticas e para resolver questões importantes que bloqueavam essa aproximação. Isso marcou o início da aproximação. O presidente Obama queria fazer isso e pediu para nós desenvolvermos esse marco.