Dois pés e uma cadeira de rodas vazia. É o que o ativista social José Geraldo de Souza Castro, o Zé do Pedal, 57 anos, precisa para espalhar uma mensagem do bem pelo Brasil. Foram 20 Estados percorridos a pé, desde fevereiro do ano passado, para promover a importância da acessibilidade em cerca de 327 municípios.
O mineiro está chegando ao fim de uma longa trajetória que começou no extremo Norte do país, no Monte Caburaí, em Roraima, e irá terminar na ponta Sul do Brasil, o Chuí, no Rio Grande do Sul.
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Faltam 500km para que complete o projeto social Extremas Fronteiras - Barreiras Extremas - Cruzada pela Acessibilidade. A previsão de término é no dia 28 de setembro. Ontem, ele chegou em Viamão, onde fica até sábado para dar palestra em uma escola e falar com a prefeitura da cidade.
- Foram dois anos preparando uma rota de 10,7 mil km. Minha ideia é abrir os olhos da sociedade e fazer com que mudem seus hábitos pensando nos cadeirantes - fala.
Objetivo
Seu objetivo é entregar nas câmaras legislativas uma proposta de projeto de lei sobre normas de acessibilidade e outra para a criação de conselhos municipais dos direitos da pessoa com deficiência.
- Dados do IBGE de 2010 revelam que no Brasil há 45,6 milhões de pessoas com deficiência. Ainda são tímidas as conquistas em relação às políticas públicas para elas - diz.
Ele acredita que, quando as pessoas com deficiência percebem que não estão sozinhas nesta luta, "podem ter mais esperanças de um lugar melhor para viver com menos barreiras arquitetônicas".
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Tudo pela igualdade
Zé planejou esta viagem em 2008, ao ouvir uma mulher falar que não conseguia entrar em uma igreja por ser cadeirante: na rampa de acesso, havia um degrau.
- Aquilo mexeu comigo. Foi então que olhei para o meu país, para a minha cidade, rua, casa. Percebi que em lugar nenhum estamos preparados para sermos iguais uns aos outros - diz Zé.
Fotógrafo, técnico em turismo e ambientalista, além de ativista social, Zé do Pedal já deu 13,6 milhões de passos nesta jornada, que calcula que deva chegar aos
15 milhões. Ele carrega em uma estrutura de plástico, embutida na cadeira, um mapa, cinco camisetas, saco de dormir, barraca, travesseiro, bíblia e uma garrafa de água.
Em toda cidade que passa, conta com a ajuda do Lions Clube, organização internacional voltada para serviços humanitários, da qual faz parte. Além disso, Zé tem colaborações de amigos e empresas para arcar com os custos das viagens. Separado, mas com dois filhos e uma neta, mata a saudade pela internet.
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Viagens e projetos sociais pelo mundo
1981: viajou do Brasil à Espanha de bicicleta (com o auxílio de um barco) para assistir à Copa do Mundo.
1983: deu a volta ao mundo de bicicleta divulgando campanha de combate ao câncer.
1985: cruzou o Japão em um velocípede infantil, para chamar atenção sobre as crianças na Etiópia.
1987: de Chuí a Brasília em um velocípede, contra as condições sub-humanas das crianças do Nordeste.
1996: América do Sul em uma moto, em comemoração ao seu vice-campeonato de motociclismo no Equador.
2002: viajou por todo o Rio São Francisco em um barco tipo pedalinho, atraindo olhares para a poluição do lugar.
2004: começou o projeto Da Liberdade ao Cristo, alertando a comunidade internacional para a poluição das águas do planeta. Ela foi interrompida pelo furacão Rita.
2007: construiu uma embarcação a pedal feita com garrafas pet e atravessou a Baía de Guanabara, no Rio, para chamar a atenção sobre a poluição das águas.
2008: viajou em um kart a pedal da França à África do Sul divulgando campanha de combate ao glaucoma e à catarata em países pobres.
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Zé do Pedal deve concluir o trajeto em 28 de setembro
Foto: Omar Freitas/Agência RBS