Um grupo que protestava contra o aumento do ICMS em frente à Assembleia Legistativa e a Brigada Militar entraram em confronto no final da manhã desta terça-feira em Porto Alegre. A confusão ocorreu em um local que havia sido bloqueado pelos policiais, mas que foi ocupado pelos servidores. Três pessoas acabaram detidas e algumas ficaram feridas durante a ação.
Em menos de cinco minutos, o ato, que ocorria pacificamente, transformou-se em confronto. A BM afirma que membros da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Coletivo Marighella forçaram a entrada na Assembleia. Manifestantes, no entanto, alegaram que não tentaram ingressar na Assembleia, e que a polícia foi violenta na ação. O comandante-geral da BM, tenente-coronel Mário Ikeda, defendeu a postura da corporação:
- De maneira geral, a conduta foi correta. Agora, individualmente, se recebermos denúncia e analisarmos imagens, vamos apurar e ver as punições. A BM cedeu e foi a mais complacente possível. A partir do momento que furaram o bloqueio, nós vimos que poderia ter invasão e aproximamos a Tropa de Choque.
Veja o momento do confronto na Assembleia:
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, argumenta que a entidade é contra atos de vandalismo e atribui o confronto desta terça-feira a "agitadores profissionais infiltrados" na manifestação.
- A CUT é uma entidade pública com anos de história. É óbvio que existem momentos de tensionamento, mas não somos uma organização afeita a agressões. Essa fala (do comando da BM) não se sustenta. Quem tomou a iniciativa foram agitadores profissionais, seguramente infiltrados - afirmou.
A confusão começou por volta das 11h30min. A Brigada usou spray de pimenta e cassetetes contra os manifestantes próximos à porta da Casa. Mais cedo, os manifestantes haviam derrubado gradis fixados para evitar a aproximação com a entrada principal do Legislativo. O uso do gás causou correria e, na confusão, uma mulher desmaiou e outra foi atingida pelas costas.
- Sempre recorremos ao gás para causar o menor dano possível. Apesar de doer em um primeiro momento, não tem o contato físico e logo (o desconforto) passa. Jogaram pedras e guarda-chuva contra os policiais - justifica Ikeda.
Veja imagens do confronto:
Para a ex-presidente do Cpers/Sindicato, Rejane de Oliveira, a BM criou "um ambiente de violência". Ela estava próxima ao local do incidente e presenciou o confronto.
- Foi uma opção da Brigada agredir. De um momento para o outro, as pessoas foram empurradas e atingidas por spray. Criminalizaram a nossa mobilização - disse ela.
Após o confronto, manifestantes chamavam a Tropa de Choque da Brigada de "tropa de R$ 600" e gritavam frases como "bateram em professor, em quem os ensinou a ler".
O livre acesso da população à votação foi pedido ao Tribunal de Justiça pelo PT, na segunda-feira, para tentar "restabelecer a normalidade do funcionamento da Assembleia". O TJ deferiu parcialmente o pedido de habeas corpus preventivo protocolado pelo partido. De acordo com a decisão do desembargador Francesco Conti, o Legislativo não pode restringir a entrada do público, mas o acesso deverá ser determinado de acordo com a capacidade do prédio - a ex-presidente Rejane Oliveira também obteve decisão similar na Justiça.
O presidente da Casa, deputado Edson Brum (PMDB), havia decidido que só acompanhariam a votação as pessoas que possuíssem as senhas distribuídas previamente, entre eles os representantes de sindicados e movimentos sociais. Por isso, a AL pediu que a Justiça mantivesse restrito o acesso à sessão.
*Colaborou Fernanda da Costa