Minha solidariedade aos servidores estaduais pelo momento difícil que enfrentam. Muitas vezes, temos a tendência de ver o funcionalismo como um ente material da administração pública. Esquecemos que há pessoas atrás de cada matrícula. Cada uma com a sua história, metas e compromissos. Gente que, diante do atraso nos salários, não pede favor, apenas o que tem direito como contrapartida aos serviços prestados à comunidade gaúcha. Dinheiro essencial para pagar contas e prover o sustento de milhares de famílias.
É preciso ser muito insensível para não se comover diante de drama tão grande e ainda criticar os protestos e paralisações decorrentes do atraso no calendário de pagamentos. Como se fosse natural trabalhar sem receber. Tem servidor que não conseguiria trabalhar mesmo que desejasse, pois a ajuda de custo para o transporte é paga junto com os salários e também atrasou. Sem grana para a passagem, é impossível chegar ao local de trabalho. Mas o pior de tudo é ver que a crise não tem perspectiva de solução imediata.
A menos que o governo tire um coelho da cartola, o que é improvável, a "bola de neve" só tende a aumentar, gerando novos parcelamentos e atrasos. Pobre servidor! Seu futuro não pode ser mais incerto. Mas pobre também do contribuinte gaúcho, que continua bancando a conta em troca de serviços cada vez mais precários.
Pacote é insuficiente para resolver crise nas finanças
"Não há base jurídica para impeachment", diz Cardozo
Leia outras colunas de Antônio Carlos Macedo
Maior patrimônio
Entre tantos casos dramáticos decorrentes do corte nos salários, destaco o relato do leitor Luiz Fernando de Souza, morador de Viamão: "A gente ouve, lê e vê sobre o parcelamento, mas, como não nos atinge, deixamos passar. No sábado, caí na realidade ao socorrer um vizinho com quase 80 anos e servidor aposentado há cerca de 20 anos. Ele passou mal, preocupado com a possibilidade de atrasar os pagamentos, coisa que zelou em toda a sua vida para não acontecer, preservando o nome, que é o seu maior patrimônio. No seu desespero, dizia que iria ao banco fazer um empréstimo para saldar as contas. Esses políticos não têm a noção do mal que estão fazendo. Eu fui contra as greves e protestos do mês passado, mas passei a apoiá-los diante do que presenciei", afirma Souza.
Leia mais notícias do dia
Curta a nossa página no Facebook
*Diário Gaúcho