Da mesma forma que manifestei solidariedade aos servidores estaduais diante do novo parcelamento de salários, expresso contrariedade em relação aos protestos que tentam prejudicar o cotidiano da população em áreas alheias ao serviço prestado pelo governo do Estado.
Que o funcionalismo paralise suas atividades é compreensível. Ninguém pode ser obrigado a trabalhar sem receber. Afinal, nem relógio faz isso de graça. Mas atrapalhar o funcionamento de outras atividades é um exagero que extrapola o limite do bom senso.
Fatos como os ocorridos em Caxias do Sul e Rio Grande, onde ônibus foram impedidos sair das garagens, não se justificam. Essas iniciativas são gol contra que podem reduzir o apoio recebido do restante da sociedade. É tiro no pé prejudicar a atividade econômica e a receita de impostos dela decorrente, pois é daí que saem os recursos para o caixa do Estado. Quanto pior for a arrecadação, menos dinheiro haverá para completar a folha de pagamentos.
O servidor tem que mostrar sua relevância através das atividades que deixa de desempenhar em escolas, delegacias, presídios, fiscalização etc. Se tiver que apelar a outros segmentos para marcar presença, pode passar a falsa impressão de que não faz falta e precisa prejudicar o trabalho de terceiros para ser notado. O cidadão comum não tem culpa alguma no atraso dos salários.
Apesar da precariedade dos serviços que recebe, o contribuinte segue pagando uma das mais altas cargas tributárias do mundo. E, se depender da vontade dos governantes, terá que abrir ainda mais o bolso para tapar o rombo das contas públicas estadual e federal.
Fogo no circo
Os servidores também precisam ter cuidado com os aliados de ocasião. Tem gente que finge solidariedade para tirar proveito político da situação. São aproveitadores que não têm o menor interesse em ver o problema dos salários resolvido. Querem é ver o circo pegar fogo.
Essa cartilha do quanto pior melhor não serve para ninguém mais. Só pra eles.