Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não pretende deixar a presidência da Câmara. Seu afastamento tampouco aparece em um horizonte próximo na visão de aliados e de rivais, que apontam a mesma justificativa: o peemedebista ainda tem domínio da Casa.
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Responsável por derrotas em série do governo desde a sua eleição em fevereiro, quando bateu Arlindo Chinaglia (PT-SP), Cunha controla a Mesa Diretora e a Corregedoria, e exerce influência no Conselho de Ética, caminhos pelos quais passam pedidos de perda de mandato, que ainda teriam de ser aprovados no plenário, onde o presidente dispõe de maioria.
Nos bastidores, há dúvidas se a denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF), por suspeita de recebimento de US$ 5 milhões em propina, será capaz de minar a força de Cunha, que comanda a bancada do PMDB, tem em sua órbita partidos nanicos e conta com apoio de PSDB, PP, DEM e Solidariedade - além disso, é conhecido por auxiliar no financiamento das campanhas de parlamentares.
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O peemedebista e seus aliados sustentam o discurso de que ele é vítima de um acordo que poupou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também investigado na Operação Lava-Jato, e ministros petistas. Outro caminho é desqualificar o trabalho da Procuradoria-Geral da República (PGR). Nesta quinta-feira, ao se reunir com 20 deputados, Cunha classificou a denúncia como "fraca" e "ridícula".
- Por que denunciar apenas o Eduardo? Por que não denunciaram e não investigam os ministros do PT? - indaga Darcísio Perondi (PMDB-RS).
A oposição ao presidente espera reforço das ruas e redes sociais para pressioná-lo. Junto, busca assinaturas para um manifesto que cobra seu afastamento, porém o documento não tem valor legal, é apenas um ato político. PSOL e alas do PT e PSB só pretendem protocolar representação pela perda de mandato de Cunha no Conselho de Ética se o STF acolher a denúncia e torná-lo réu, decisão sem prazo para sair.
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Antes da denúncia, Cunha afirmou que não deixaria presidência da Câmara
- Imagine se o STF não aceitar a denúncia, como nós vamos ficar aqui dentro? - pondera Júlio Delgado (PSB-MG).
A representação no conselho precisa ser feita por um presidente de partido. No colegiado, Cunha apoiou Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), mas foi derrotado com a vitória de José Carlos Araújo (PSD-BA) para liderar o grupo. Contudo, segue influente. O tucano Nelson Marchezan, único gaúcho titular do conselho - Covatti Filho (PP), Onyx Lorenzoni (DEM) e Sergio Moraes (PTB) são suplentes - prega calma:
- É muito cedo para fazer juízo de valor. Evidente que não é saudável para a Casa esta situação.
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Outra possibilidade para derrubar o presidente da Câmara é solicitar uma investigação na Corregedoria. No entanto, caberia ao próprio Cunha avaliar o pedido e repassá-lo ao corregedor - e seu aliado -, deputado Carlos Mannato (ES), filiado ao Solidariedade. O corregedor faria um parecer encaminhado à Mesa Diretora, que enviaria ou não o caso ao Conselho de Ética - ao vencer a eleição, Cunha formou a Mesa sem membros do PT.
Caso o conselho opte por apoiar a cassação, a posição precisaria ser aprovada no plenário, com pelo menos 257 votos. Na quarta-feira, com a expectativa da denúncia, Cunha exibiu sua maioria ao aprovar com 320 votos a PEC que reduz a maioridade penal. Cientes do poder do presidente, seus adversários apostam que a pressão popular e o desgaste o forçarão a renunciar.
- Nesse momento fica claro que ele não tem mais condições de representar a instituição - sustenta o deputado Henrique Fontana (PT-RS).