No centro da pauta negativa puxada pela crise financeira, o governador José Ivo Sartori, em suas manifestações públicas, vem batendo reiteradamente em uma tecla: "captamos R$ 13 bilhões em investimentos privados". Politicamente, a frase é uma tentativa de trazer boas notícias à sociedade e mostrar que o Palácio Piratini não se contenta em gerenciar dificuldades, mas também busca alternativas de retomada.
Na prática, os investimentos ainda precisam superar uma série de etapas antes de se tornarem realidade. Hoje, tudo está no campo das intenções. Os R$ 13 bilhões citados por Sartori se referem ao balanço de janeiro a julho de 2015 da Sala do Investidor, apontando os investimentos privados que devem ser feitos no Estado a partir de negociações abertas no governo atual com 39 empreendimentos.
Os projetos estão em fase inicial, com aquisição de áreas, obtenção de licenças ambientais e negociação dos incentivos fiscais. Depois, ainda virá a fase de obras.
- Não tem nenhum projeto inaugurado. O investimento industrial tem um tempo para acontecer. Demora de um a dois anos para ser finalizado - diz Adriano Boff, diretor de Promoção do Investimento e Sala do Investidor do governo estadual.
No momento, o que há de concreto é a assinatura de protocolos de intenção entre as empresas e o governo.
- Alguma desistência pode haver. Por mudanças do cenário econômico, alguns projetos podem ser segurados. Na gestão passada, (desistência ou congelamento) ocorreu em 25% a 30% dos projetos - acrescenta.
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
No Piratini, mesmo com a crise, o clima é de otimismo.
- A procura pela Sala do Investidor é grande. Sentimos retração de cerca de 60% nos últimos quatro meses de 2014, mas, agora, muitas empresas estão visando a retomada dos investimentos e a recuperação da economia - afirma Boff.
Dos R$ 13 bilhões em aportes, apenas um deles soma mais da metade do valor: é a Transgas Development Brazil, consórcio internacional que poderá investir R$ 8,1 bilhões em uma fábrica de fertilizantes e geração de energia a partir do carvão em Candiota.
Se confirmado, superará os R$ 5 bilhões da Celulose Riograndense, em Guaíba, e será o maior investimento privado no RS. O Piratini está confiante porque, se a Transgas quer aplicar sua tecnologia para produzir a partir do carvão, terá de vir ao Estado, que concentra 90% das reservas do país.
Quais benefícios poderão ser gerados com os investimentos?
Um dos mais citados é a criação de emprego. Os empreendimentos também irão gerar ICMS. Todos serão contemplados com Fundopem, que permite pagar entre 35% e 90% do ICMS no futuro, em prazo de oito anos, após cinco de carência. Isso significa que, a partir do início da produção, parcelas do ICMS já deverão ser pagas.