O retorno dos servidores públicos estaduais nesta terça-feira, um dia após a mobilização que serviu como ensaio para uma anunciada greve geral, convocada por entidades e sindicatos para o dia 18 de agosto, não trouxe grandes consequências para o atendimento à população gaúcha. Com exceção das escolas, delegacias de polícia e alguns batalhões da Brigada Militar, os demais setores funcionaram normalmente.
Parte dos 2.558 colégios do Rio Grande do Sul adotou turno reduzido. A Secretaria Estadual de Educação, em "decisão interna", não divulga o percentual de adesão. Levantamento do Diário Gaúcho em 60 escolas de diferentes regiões de Porto Alegre aponta que 28 terão aulas parciais até o dia 17 e outras 12 adotarão o turno reduzido pelo menos até o final dessa semana. O Cpers/Sindicato orienta as instituições de ensino a liberar os estudantes às 10h ou às 15h e organizar "aulas de cidadania".
- É o momento de a comunidade escolar aproveitar o tempo para explicar os motivos da mobilização e mostrar que os servidores têm outros caminhos para combater a crise financeira. É preciso que os alunos entendam por que pode ser decretada uma greve geral no dia 18 - manifestou-se o sindicato, por meio de sua assessoria.
O secretário de Educação do Estado, Vieira da Cunha, acredita no diálogo e espera que não ocorra um confronto com os servidores. Segundo ele, as escolas terão de readequar seus calendários para cumprir a carga horária mínima de 800 horas para o Ensino Fundamental e Ensino Médio noturno. No Ensino Médio diurno, são mil horas.
- Qualquer redução de hora-aula, que eventualmente uma ou outra escola adote em função destes protestos, vai ser seguida de uma readequação do calendário. A instituição fará os ajustes e enviará para a respectiva Coordenadoria Regional de Educação este novo calendário. Isso tem que ser, inclusive, ratificado pelo Conselho Escolar. O importante é que não haja prejuízo para os alunos - disse Cunha.
Veja imagens do protesto em Pelotas:
DPs não registram algumas ocorrências
As delegacias de polícia mantiveram a restrição de alguns serviços à população. A manifestação consiste no não registro de ocorrências que podem ser feitos online nas unidades. Na Capital, porém, nem todas aderiram à restrição. Orientada pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado (Asdep) após assembleia na sexta-feira, a redução no atendimento segue até o pagamento integral dos vencimentos da corporação. Na manhã desta terça-feira, em ronda pelas delegacias da Capital, Zero Hora não constatou transtornos diretos à população ocasionados pela medida.
- Tivemos o cuidado de tomar uma decisão na assembleia pensando, também, na sociedade. Sei que algumas medidas adotadas não são sempre bem vistas, mas o serviço daqueles casos de maior gravidade está sendo realizado - diz o vice-presidente administrativo da Asdep, Fábio Motta Lopes.
Segundo Lopes, investigações de crimes cometidos sem violência estão suspensas no Estado, mas aquelas em que a vítima corre um eventual risco de vida seguem mantidas. A categoria também interrompeu a realização de operações especiais e, a partir de 17 de agosto, cortará o serviço de sobreaviso.
Protesto em caravana pelo Interior
Com sinetas, apitos, faixas, bandeiras e adesivos, cerca de 600 servidores participaram, na tarde desta terça-feira, em Pelotas, de uma manifestação contra o parcelamento dos salários por parte do governo do Estado. Liderada pela Federação Sindical dos Servidores Públicos do Estado (Fessergs) e por mais de 30 entidades sindicais, a mobilização foi marcada por gritos de guerra contra o governador José Ivo Sartori.
Os servidores distribuíram panfletos nos quais repudiaram "a destruição dos serviços oferecidos pelo Estado e o clima de caos gerado pelo governo Sartori e seus aliados, sob a alegação de que o Rio Grande do Sul não tem dinheiro". Segundo o material, "esta afirmação não é verdadeira e serve apenas para justificar os cortes no orçamento de 2016, piorando o atendimento à população na saúde, educação e segurança".
Depois de Pelotas, a caravana seguirá para Santa Maria, na região central, onde os servidores farão mobilização nesta quarta-feira (5). Na quinta (6), será a vez de Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai. Outros três atos estão previstos para a próxima semana - terça-feira (11) em Caxias do Sul, quarta-feira (12) em Passo Fundo e quinta-feira (13) em Ijuí. No dia 18, acontece a assembleia geral dos servidores, no Largo Glênio Peres, na Capital.