"Pague os nossos salários", dizia a faixa aberta pelo soldado Júlio César da Rosa, 36 anos, em frente ao 26º BPM, em Cachoeirinha, na manhã desta sexta-feira. Um protesto solitário e criativo do policial para alertar a comunidade sobre o novo parcelamento dos salários dos servidores, a ser confirmado na próxima segunda-feira.
Projeção indica depósito de R$ 620 do salário de agosto por servidor
Há 17 anos na Brigada Militar - 15 deles atuando em Cachoeirinha -, Júlio César aproveitava cada parada do trânsito para o seu ato mais inusitado: pedir esmolas com um coturno na mão. Ele conversou com a reportagem. Confira abaixo.
Diário Gaúcho - Qual era a sua intenção com o protesto solitário?
Júlio César - Eu estava no meu horário de folga e não encontrei outra forma de chamar a atenção da comunidade para a situação de abandono que nós, servidores da Brigada, estamos. Coloquei uma faixa na calçada e informava para os motoristas tudo o que está acontecendo. Hoje fui sozinho, mas eu espero que mais colegas se sensibilizem.
Diário Gaúcho - Existe a perspectiva do pagamento de algo em torno de R$ 600 na segunda-feira. Como isso vai impactar na sua vida?
Júlio César - Eu não sei mais o que fazer, já estou mais do que negativado no banco. Quando receber, vou seguir devendo. Quem vai pagar os juros disso tudo? E a luz, vão cortar.
Diário Gaúcho - Você pensa em deixar a Brigada Militar?
Júlio César - Tenho um filho de dois anos para criar. Se continuar assim, não vou mais ter condições de ficar, porque estamos abandonados. Já tive dois colegas de batalhão que passaram em concursos em outros estados e vão embora. Cada vez mais gente está fazendo isso.
Leia mais notícias do dia
Crise do Estado
PM solitário faz protesto contra o parcelamento de salários em Cachoeirinha
Soldado há 17 anos, Júlio César da Rosa pediu esmola na sinaleira em frente ao batalhão, na manhã desta sexta
GZH faz parte do The Trust Project