A Europa assistiu em 1992 à eclosão da primeira guerra em seu seio desde a derrota do nazifascismo. Os fantasmas de 1939-1945 estavam de volta, e a primeira atitude dos governos europeus foi esperar, cinicamente, que as forças sérvias predominassem. Sua atitude em relação à Sérvia só mudou no momento em que os Estados Unidos, no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), decidiram que o governo do presidente sérvio Slobodan Milosevic precisava ser detido.
Milhares de imigrantes seguem para as fronteiras da UE pela Macedônia e Sérvia
A atual crise humanitária tem sido descrita pela ONU e outros organismos como a pior desde a II Guerra. As massas de refugiados sírios que chegam aos territórios grego, macedônio e sérvio em busca de passagem à Europa Ocidental são um espetáculo macabro. Na Sérvia, parte dos recém-chegados está privada até mesmo de água potável. Há uma ironia trágica no fato de que o país barrado na União Europeia por seu papel na Bósnia tornou-se, 20 anos depois do fim da guerra na ex-Iugoslávia, palco de mais um exemplo do cinismo europeu.
Por que a "ameaça" dos imigrantes é uma paranoia fabricada
A única solução de longo prazo para a maré de refugiados é a estabilização do norte da África, da Síria e do Iraque. Os desvalidos que batem às portas da Europa lembram aqueles que vagavam pelo continente há 70 anos. A diferença, desta vez, é que não existe plano para reassentá-los.
Olhar Global
Luiz Antônio Araujo: desvalidos na Europa
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