A volta às aulas após as férias de inverno é parcial nas escolas estaduais de Porto Alegre. Levantamento feito pelo Diário Gaúcho na terça-feira, em 60 estabelecimentos da Capital, mostrou que apenas 25% - 15 escolas - estão funcionamento normalmente.
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Quase a metade (28) dará aulas parciais até o dia 17, outras 12 adotarão o turno reduzido pelo menos até o final desta semana - mas não descartam a possibilidade de estender a medida. Embora estejam em turno reduzido, cinco ainda não discutiram entre os professores se continuarão ou não no esquema. Das escolas contatadas, 45 admitem estar liberando os alunos mais cedo.
A adoção de turnos reduzidos é uma orientação do Cpers/Sindicato, em resposta ao parcelamento dos salários do funcionalismo público. A medida, que fracionou salários acima de R$ 2.150, atinge a 38% do magistério. Na maioria dos colégios contatados pelo Diário Gaúcho, os alunos da manhã estão sendo liberados por volta das 10h, e os da tarde, depois das 15h. A verificação do DG corresponde a 23% das 259 escolas estaduais de Porto Alegre.
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Discussão
O diretor de Educação do Cpers/Sindicato, Enio Manica, explica que a entidade está orientando as direções a manter os alunos na escola após o período de aula curricular para ampliar a discussão sobre as dificuldades que o Estado enfrenta. Porém, cada instituição é livre para definir se irá liberar ou não os estudantes.
- Os pais devem continuar mandando seus filhos para a escola, e é importante que se faça esta discussão para que se entenda a real situação do Estado. Há uma indignação muito grande, e queremos que toda a sociedade fique sabendo do resultado das políticas que estão sendo adotadas pelo governo - afirma Enio.
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O turno reduzido será estendido até o dia 17, pois no dia 18 haverá paralisação para uma assembleia geral com todas as categorias do funcionalismo gaúcho. O encontro vai definir a adesão ou não a uma greve geral. A reunião será realizada às 14h, no Largo Glênio Peres.
Prejuízo aos alunos, preocupação para os pais
A mobilização dos professores trouxe preocupação para a doméstica Roselaine Pinto Duarte, 31 anos. Mãe de Eduarda, oito anos, e de Alexandre, seis anos, estudantes do terceiro e primeiro anos, respectivamente, da Escola Estadual Araújo Viana, no Bairro Partenon, ela não tem onde deixá-los no horário livre e nem como buscá-los às 15h, pois o horário não se encaixa com a sua saída do trabalho:
- Na terça-feira consegui que a vó viesse buscar, mas, a cada dia, terei que ver alguém para fazer isso.
Para o auxiliar de manutenção Robson do Nascimento, 29 anos, o maior prejuízo será o atraso nas disciplinas. Pai de Brayan, sete anos, aluno do segundo ano, ele lamenta que o movimento dos professores prejudique os alunos.
- Esse tempo de aula é muito pouco para eles - comenta.
Secretário cobra recuperação
O secretário estadual da Educação, Vieira da Cunha, ressalta que cada escola que está adotando o turno reduzido terá que apresentar para a sua Coordenadoria Regional de Educação (Seduc) como irá recuperar o calendário escolar:
- Há uma carga horária e um número de dias letivos mínimos, previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, e isso, necessariamente, precisa ser observado. Qualquer redução de hora-aula, que eventualmente uma ou outra escola adote em função destes protestos, vai ser seguida de uma readequação do calendário escolar.
A Secretaria Estadual da Educação não quis informar quantas escolas estão reduzindo seus períodos. Em nota, porém, afirmou que monitora diariamente o funcionamento das 2.558 escolas gaúchas durante o período de manifestações.
O placar das escolas consultadas
Turno reduzido até o dia 17:
- Escolas Rubem Berta, Carlos Fagundes de Mello (Eja continua normal), Cândido José de Godoi, Toyama, Fabíola Pinto Dorneles, Professores Langendonck, Simões Lopes Neto, Professora Aurora Peixoto de Azevedo, Monte Líbano, Medianeira, Luciana de Abreu, Jerônimo de Ornelas, Jerônimo de Albuquerque, Doutor Gustavo Armbrust, Doutor Oswaldo Aranha, Imperatriz Leopoldina, Itália, Nações Unidas, Araújo Viana, Apeles Porto Alegre, Almirante Bacelar, Antão de Faria, Dom Diogo de Souza, 1º de Maio, Doutor José Carlos Ferreira, Décio Martins Costa, Açorianos e Marechal Mallet
Turno reduzido até esta sexta-feira:
- Escolas Rio de Janeiro, Professor Sarmento Leite, Professor Alcides Cunha, Padre Leo, Otávio Mangabeira, Monsenhor Roberto Landell de Moura, Professor Leopoldo Tietbohl, Humaitá, Infante Dom Henrique, Doutor Miguel Tostes, Professor Edgar Luiz Schneider e Bahia
Turno reduzido por tempo indefinido:
- Escolas Padre Rambo, Pedro Sirangelo, Gonçalves Dias, Três de Outubro e Othelo Rosa
Atendimento normal na terça-feira, mas poderão ter turno reduzido:
- Escolas Madre Maria Selina, Alvarenga Peixoto, Almirante Álvaro Alberto de Motta e Silva e Mané Garrincha
Atendimento normal:
- Escolas Professora Violeta Magalhães, Professor Carlos Rodrigues da Silva, Oscar Schmitt, Professor Júlio Grau, Tom Jobim, General Neto, Dona Luiza Freitas Vale Aranha, Camila Furtado Alves, Ana Neri, Anhetengua e Professora Maria Thereza da Silveira