O berro do funcionalismo estadual contra a pedalada nos salários é legítimo. Apesar da gravidade da crise que atinge as finanças estaduais, não dá para esperar que o servidor reaja como bom samaritano e aceite como normal uma situação que compromete diretamente o sustento da sua família.
Já passei por dificuldade semelhante no passado, em outro emprego. Sei como é difícil, quase impossível, administrar as contas da casa sem dinheiro. Se você, como contribuinte, já reclama da falta de contrapartida aos tributos pagos, imagine então a situação de quem também paga impostos, sofre igualmente com a má qualidade dos serviços públicos e ainda por cima recebe seus vencimentos com "perna de anão". É impossível aceitar um quadro desses passivamente.
Assim, são procedentes, justas e democráticas todas as manifestações de descontentamento surgidas no Estado a partir de sexta-feira, quando o corte nos salários foi confirmado.
Greve precipitada
Com todo respeito, discordo da greve preventiva decretada pelos rodoviários da Carris na madrugada de ontem, antes mesmo de qualquer indicativo confirmando escassez no policiamento. Seus colegas de outras empresas também sofrem com assaltos e nem por isso deixaram de trabalhar.
Agindo com bom senso, aguardaram pelo desdobramento dos fatos para deliberar sobre a necessidade de parar ou não.
Cara de pau
É impressionante a cara de pau de quem ajudou a aprofundar o rombo financeiro do Estado e agora coloca mais lenha na fogueira da crise, como se nada tivesse a ver com ela.
Líder gaúcho
Justiça seja feita ao secretário da Fazenda, Giovani Feltes, que não tem se omitido de explicar à sociedade gaúcha o atraso nos salários do funcionalismo. É o único que tem dado a cara para bater, num comportamento bem diferente do adotado pelo governador Sartori.
Aliás, se um extraterrestre desembarcar no Estado, certamente vai bater na Secretaria da Fazenda, e não no Piratini em busca do nosso líder.