A mais recente estatística sobre a violência no Rio Grande do Sul indica que a repressão a roubos de veículos e assaltos é principal desafio para as autoridades policiais. Conforme dados divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), os roubos de carros cresceram 17% no primeiro semestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2014. E os assaltos em geral subiram 21,7%.
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Março bateu recorde de ataques a motoristas. Foram 1.478 casos, o mais alto número deste tipo de crime dentro de um mês desde 2002, quando a SSP começou a divulgar a série histórica dos principais delitos.
Em média, 44 automóveis são roubados por dia no Estado em 2015. Há cinco anos, a média era de 29 casos. Enquanto isso, o furto de veículo (levado sem o dono perceber) teve um aumento de apenas 3%. Isso ocorre porque cada vez mais carros são dotados com dispositivos de segurança, tornando quase impossível ligar o motor de um carro com chave falsa. Assim, os bandidos preferem abordar as vítimas, em geral, armados, quando elas estão ao volante.
Os criminosos estão mais violentos também na comparação de assaltos em geral (a pedestres e a estabelecimentos comerciais, por exemplo). Enquanto os furtos tiveram queda de 5,7%, os roubos estão em alta. Março e junho foram os meses com os números mais elevados nos últimos 13 anos. São 203 casos por dia. Há cinco anos, a média era de 145 roubos.
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Um dos motivos para o aumento de roubos pode ser a crise nos albergues onde devem ser recolhidos condenados por em regime semiaberto. Como não há espaço, a Justiça tem concedido aos criminosos prisão domiciliar, monitoramento eletrônico ou, simplesmente, os deixando em casa esperando a abertura de vagas. Atualmente, são 4,8 mil bandidos nesta condição no Estado, destes, 2,3 mil na Região Metropolitana.
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Para o delegado Luciano Dias Peringer, titular da Delegacia de Repressão ao Roubos de Veículos, um dos problemas que envolve este delito é o comércio clandestino de peças e clonagem.
- Esse aumento tem sido uma constante nos últimos anos e já esperávamos esses índices. Os ladrões de carros são contumazes na prática, assim como traficantes, homicidas. Basta estar livre - afirma.
O policial acredita que a regulamentação da lei que normatiza a venda de peças usadas dará meios para coibir a destinação de carros furtados e roubados para ferros-velhos ilegais.
Crimes contra a vida diminuíram
Segundo a SSP, está sendo encaminhada à Casa Civil uma "minuta de projeto de lei que permitirá ao Estado regulamentar a atividade de desmanche e comercialização de peças, com mecanismos eficientes de fiscalização e inibição de ilícitos". De acordo com a SSP, o índice de recuperação de veículos é de 60%.
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Em relação a crimes de sangue, o Rio Grande do Sul experimenta uma diminuição em 2015. O primeiro semestre registrou uma leve queda de 2,2% nos casos de homicídios dolosos (quando há intenção de matar). No mesmo período, os latrocínios (roubo com morte) tiveram diminuição bem maior: 22,9%.
No caso dos homicídios, a criação de delegacias especializadas pode influenciar na queda dos índices por aumentar em até 80% a taxa de esclarecimento das mortes, com indiciamento e prisão de homicidas. Desde 2013, a Polícia Civil conta com 14 novas unidades nas cidades mais violentas - em Porto Alegre, saltou de duas para seis delegacias