Com a trégua do que parecia ser uma interminável temporada de chuvas, os moradores afetados pelas enxurradas nutriram a expectativa de voltar para casa. A despeito do sol que brilhou no céu da maior parte dos municípios nesta quarta-feira, porém, o nível dos rios continuou a subir, impedindo as comunidades de retomarem a rotina. Como é possível?
Ao contrário do que parece, a subida do nível das águas de alguns rios, mesmo após a chegada do tempo seco, faz sentido. O responsável pelo fenômeno é uma espécie de relógio dos ventos - que giram como ponteiros, em sentido horário ou anti-horário, determinando o clima que recairá sobre nós.
- Quando os ventos viram, eles podem represar as águas do Guaíba - explica o meteorologista Rogério Rezende, do Inmet-RS.
Funciona mais ou menos assim: em tempos chuvosos, como nos últimos dias, os ventos formam uma espécie de espiral, para dentro e para cima (os chamados sistemas de baixa pressão), que gira no sentido horário - em geral de norte ou nordeste, a sul. Quando a frente fria passa, ocorre o chamado sistema de alta pressão, quando os ventos, ao contrário, se movem para baixo e para fora, no sentido anti-horário - em direção ao leste ou ao norte.
O resultado disso é que as águas dos rios, que correriam em direção à Lagoa dos Patos, ficam represadas no Guaíba, elevando o nível do rio e de seus afluentes. Foi o que ocorreu com os rios Gravataí, Sinos, Jacuí e Caí, que continuaram a encher nesta quarta-feira.
A boa notícia é que o processo não deve durar muito tempo. De acordo com o meteorologista, a previsão é que esse movimento comece a mudar nas próximas horas, com uma queda de pressão e consequente aumento da temperatura. A virada deve facilitar o escoamento das águas represadas no Guaíba, mas também é prenúncio de instabilidade.
- Ele está cada vez mais a leste, e, como na sexta-feira entra outra frente, tende a virar em direção ao norte a partir de quinta-feira. O que também significa que pode haver novas chuvas - alerta Rezende.
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