Para entender os motivos do prende e solta do assaltante Jocemar Takeuchi Navarro, 35 anos, Zero Hora conversou com o delegado da Polícia Civil Juliano Ferreira, o juiz-corregedor do Tribunal de Justiça do Estado, Eduardo Almada, e o advogado dele, Luiz Gustavo Puperi. Japonês, como é conhecido, costuma dizer que trabalha com vendas e complementa a renda negociando automóveis usados. Para policiais, porém, o serviço é diferente: consultor de quadrilhas de ladrões de carro.
Nos últimos dias, Japonês se tornou pivô de uma polêmica surgida quando o chefe da Polícia Civil, Guilherme Wondracek, afirmou evitar sair à noite em Porto Alegre por causa de ataques a motoristas. A Capital é castigada por bandos de ladrões de carro cujos esconderijos são cidades da Região Metropolitana, em especial, Sapucaia do Sul, onde mora Japonês.
Investigado em duas dezenas de inquéritos, réu em 15 processos em Porto Alegre, Sapucaia e Novo Hamburgo, a maioria por delitos ligados a furto e roubo de veículos, Japonês tem uma trajetória que mostra como um bandido deste ramo criminoso está sempre entrando e saindo da cadeia. E, após 12 prisões, a última em 20 de junho, é, tecnicamente primário.
Leia, em entrevista abaixo, o que pensa o delegado Juliano Ferreira sobre o prende e solta:
Japonês é considerado um dos maiores ladrões de carro do Estado?
O grande berço de ladrões de carro é a região de Sapucaia do Sul, onde o Japonês mora, e ele se tornou uma referência neste meio. Carros são roubados a partir de encomenda dele.
De onde vem esta certeza?
Escutas telefônicas, informações, depoimentos, testemunhas. É um grande intermediário. O receptador que precisa de um carro, não vai no ladrão, vai no Japa. Por ser intermediário, é muito difícil formatar uma boa prova contra ele. Não fica com nada.
A pena por furto é pequena?
É. Não se pode tratar da mesma forma uma pessoa que recepta dois, três carros roubados com outra que recepta bombom furtado em supermercado. E, infelizmente,
a pena é a mesma.