Desde um pouso de teste do supersônico Concorde, há quatro décadas, que o aeroporto Viracopos, em Campinas (SP), não via um avião com linhas aerodinâmicas suaves e uma presença tão imponente quanto o novo Airbus A350 causou na tarde desta quarta-feira.
A aproximação para a aterrissagem em meio à chuva, com um espirrar de água ao tocar a pista proporcionaram um show ainda melhor para quem se dispôs a ficar na intempérie aguardando o voo de estreia do mais recente jato da fabricante europeia, capaz de transportar até 369 passageiros. Com raio de ação de quase 15 mil quilômetros, voaria de São Paulo a Sydney, na Austrália, sem parada.
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Com as cores da fabricante e ainda repleto de equipamentos na parte interna para testar a operação, o avião pousou em Campinas vindo do aeroporto de Guarulhos, onde havia feito apresentação para a TAM na terça-feira.
O Grupo Latam, que inclui a chilena Lan, fez a maior encomenda do modelo na América Latina. Serão 27 unidades, investimento de US$ 7 bilhões. O início em rota regular pela TAM será no fim deste ano, na ligação São Paulo-Manaus. No começo de 2016, terá como destino Miami, também a partir do aeroporto de Guarulhos (SP). Com a chegada de mais aviões - configurados com 318 assentos na classe econômica e 30 na executiva -, passam a operar também a rota para Madri. Os jatos, que serão entregues até 2019, devem substituir modelos A330 e Boeing 777.
Fabricante já recebeu 781 encomendas de 40 companhias aéreas
Foto: Gianfranco Beting/Divulgação
A Azul também vai reforçar a sua frota com A350. Serão cinco unidades, para operar voos à Flórida, mas em épocas de alta demanda de passageiros, Nova York e, futuramente, destinos ainda não definidos na Europa. Os jatos com as cores da Azul, encomendados via empresa de leasing que será a dona das aeronaves e os arrendará para a companhia brasileira, começam a chegar em março de 2017. A configuração interna será de 336 poltronas, em diferentes classes. Na América Latina, o grupo Synergy, controlador da Avianca na Colômbia e no Brasil, fez um pedido de 10 A350.
Conhecida por produzir o maior avião do mundo na atualidade, o quadrimotor A380, a Airbus tem no A350 o maior jato de dois motores da sua linha. Conforme a fabricante, o A350 apresenta consumo de combustível 25% menor do que aeronaves de porte semelhante. O resultado é possível porque mais de dois terços da estrutura do avião são materiais compostos, como fibra de carbono, além de titânio e alumínio - mais resistentes à fadiga e corrosão. Na aerodinâmica, as asas proporcionam mais estabilidade e reduzem as sacudidas provocadas por turbulências. Elas foram desenhadas para se adaptar a cada fase do voo, alterando levemente a forma para proporcionar máxima eficiência.
Além do conforto aerodinâmico e acústico, a cabine de passageiros promete ser espaçosa, com 5,58 metros de lado a lado e distância entre poltronas (espaço para as pernas) de 45,7 centímetros.
Atualmente, há apenas cinco modelos em voo no mundo. A Qatar Airways, que tem quatro unidades, foi a primeira a receber, em dezembro passado. Em junho, foi a vez da Vietnam Airlines. Com 781 pedidos confirmados até hoje por 40 companhias aéreas, o jato de cerca de US$ 250 milhões faz parte da categoria de widebody (aviões de cabina larga), com nove lugares por fila de poltronas e dois corredores. O estudo Airbus Global Market Forecast, 2014-2033 concluiu que serão necessários 7,8 mil aviões widebody nos próximos 20 anos.
A fuselagem dianteira é fabricada e montada em Augsburg, na Alemanha, e levada à Airbus em Hamburgo, também na Alemanha, para a montagem de tubulações e sistemas. Esta seção segue para Saint-Nazaire, na França, transportada no cargueiro Beluga. Essa parte se junta à parte do nariz e da fuselagem para formar a fuselagem frontal, que será posteriormente enviada à linha de montagem final em Toulouse.
* Zero Hora