O pedreiro Altair Teixeira Carvalho, 36 anos, será julgado nesta quinta-feira (9), a partir das 9h15min, no Fórum de Lajeado, no Vale do Taquari. Desde agosto de 2013, ele está detido no Presídio Estadual de Lajeado, após invadir a pista contrária da BR-386 com um automóvel Gol, que atingiu a lateral de uma Pajero e causou a morte de pai e filho. Em fevereiro deste ano, conforme reportagem publicada por Zero Hora, Altair era o único motorista preso sob a acusação de homicídio de trânsito em todas as cadeias do Rio Grande do Sul.
Por volta de 23h do dia 3 de agosto de 2013, o casal Lissandro Stroher de Mello, 36 anos, e Janaína Estigarriba da Silva, 31 anos (hoje 33), retornava com os filhos Igor, 11 anos, e Larissa, sete anos, para Caxias do Sul, após passar as férias em Santa Maria, sua cidade natal. Com o choque, Lissandro e Igor, que viajavam no lado esquerdo da Pajero, morreram na hora. Janaína e Larissa, que estavam no lado direito, sofreram ferimentos leves.
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O acidente aconteceu na altura do quilômetro 345 da BR-386, nas proximidades do Shopping Lajeado. Altair deixou o local sem prestar socorro às vítimas e acabou preso horas depois, dormindo, em casa. O teste do bafômetro indicou 0,8 miligramas de álcool por litro de ar expelido (mais do que o dobro do limite). Além disso, o condutor estava com a carteira suspensa.
Advogado pedirá condenação do réu por homicídio culposo
Um dos advogados que representarão Altair no júri, Zanone Júnior se diz otimista em relação ao julgamento, "por conta do lapso temporal entre a prisão e o julgamento". Segundo ele, os principais argumentos de defesa baseiam-se na má conservação da rodovia e no fato de estar chovendo na hora do acidente.
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Apesar disso, explica o advogado, em vez de defender a absolvição de Altair, a ideia será pedir a condenação, mas por homicídios culposos - em vez de dolosos - e lesões corporais dolosas, nos casos de Janaína e Larissa. Além disso, ele também pedirá a dissolução da acusação de abandono do local. Nesta hipótese, Altair poderia ser condenado a 14 anos de prisão - em caso de homicídio doloso, a pena varia de seis a 20 anos (para cada vítima).
- Não estamos passando a mão na cabeça dele. Vamos pedir uma condenação, inclusive. Mas uma condenação justa - afirma Zanone.
Na companhia de parentes e amigos, Janaína Estigarriba da Silva, que perdeu o marido e o filho no acidente, viajará na madrugada desta quinta-feira de Caxias para Lajeado, onde participará do júri como testemunha. No Facebook, a dona de casa afirmou estar ansiosa pelo julgamento. "Nossa, não posso nem acreditar que é amanhã que iremos fazer justiça. Deus vai estar do nosso lado com certeza. Sei que não vai trazer vocês de volta, meus anjos lindos, mas só de saber que o delinquente vai ser julgado já me dá um alívio enorme".
- Estou esperando justiça. Quero que ele seja condenado. Isso não vai trazê-los de volta, mas pelo menos que seja feita justiça - diz Janaína.