Soa um tanto irônico que a palavra economia tenha surgido a partir do termo grego "oikos", que no país de Platão e Aristóteles siginifica algo como a "arte de bem administrar a casa". Ao confirmar o não pagamento da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Grécia pode ser obrigada a reorganizar a casa sozinha daqui para frente.
Com o calote, a saída da zona do euro não é automática. Mesmo se definida pela cúpula europeia, pode demorar a acontecer de fato, uma vez que não existe até agora no bloco um mecanismo de "expulsão" previsto para casos semelhantes. A saída, voluntária ou não, no entanto, traz consequências impactantes.
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A principal delas seria os gregos voltarem a ter controle sobre a própia política monetária. Ao abandonar o euro e adotar novamente o dracma, o país voltaria a imprimir a própria moeda e teria condições de ficar mais competitivo no mercado internacional, aumentando as exportações e incentivando a indústria local.
- Com a economia isolada, o alto endividamento deve ao mesmo tempo barrar a entrada de capital estrangeiro e trazer uma inflação galopante para o país, reflexo de um discrepante abismo entre oferta e procura que será gerado - explica Paulo Dutra, professor de Economia Internacional na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).
Eurogrupo se nega a estender ajuda à Grécia
Fora do bloco, o país também perde de vez o socorro financeiro do Banco Central Europeu, que tem mantido a integridade do sistema bancário grego. A simples expectativa desse rompimento já levou milhões de gregos aos bancos nas últimas semanas e uma limitação de saques para evitar uma quebradeira geral do sistema financeiro. Uma espécie de corralito argentino em versão europeia.
Para o primeiro-ministro Alexis Tsipras, a permanência na zona do euro pode ter um custo ainda mais elevado. Isso significaria aceitar novas medidas duras de ajuste que estariam em contradição com o programa que serviu de base a sua eleição.