A semana foi assustadora para mim, pois tomei dois chutes, metaforicamente falando. Em um deles, encontrei dois pais que entraram com medida cautelar contra os filhos, pois estavam sendo ameaçados de morte. Quando minha cabeça processava esse absurdo, veio o segundo chute: as imagens de um menino de 13 anos dirigindo um carro numa perseguição policial.
Ou essa molecada está vindo com um cromossomo do mal, ou nós, adultos, estamos criando uma geração moralmente canibal. Nenhuma criança nasce bandida. Podem nascer com traços psicológicos que pedem a nossa atenção, mas o meio em que vivem e a forma como os adultos reagem aos seus atos pode bloquear ou estimular os impulsos antissociais.
No fim do vídeo da prisão do menor infrator, vi dois chutes também, esses de verdade. Quando o menino já estava rendido no chão, as bicudas atingiram suas costelas. Assisti ao vídeo com várias pessoas, e a reação de apoio aos chutes me deixou preocupado também.
Serão devolvidos
A questão é que, da mesma maneira que achamos que os chutes no menino não foram nada, ele acha que o crime que cometeu não foi nada e por aí vai. Cada um justifica sua barbárie a partir das suas dores.
Os chutes vão ser devolvidos, e nós vamos revidar. Assim, nos matamos uns aos outros, porque ninguém quer dizer não ao sentimento de vingança e injustiça.