Dona Maria Aurora de Oliveira, 60 anos, é portadora de uma das mais temidas moléstias conhecidas: a esclerose lateral amiotrófica. Também conhecida como ELA ou Doença de Charcot, esta patologia provoca a degeneração do sistema nervoso, causando paralisia motora progressiva e irreversível.
Por causas ainda não identificadas, os neurônios se desgastam ou morrem e já não conseguem mais mandar mensagens aos músculos. Quando a musculatura do peito para de trabalhar, fica muito difícil respirar por conta própria. Dona Maria Aurora está neste estágio desde o final do ano passado, quando foi internada na UTI do Hospital de Tramandaí.
A partir daí, passou a depender do auxílio de um respirador para sobreviver. A família alugou o equipamento, ao mesmo tempo em que solicitava ajuda à Secretaria Estadual da Saúde, visto que o aluguel da máquina fica em torno de R$ 900 mensais. O pedido foi aceito, mas o respirador não foi entregue porque a empresa contratada pelo Estado deixou de atender aos pedidos por falta de pagamento.
Apelo ao governo
Como tantos outros fornecedores, a firma foi atingida pelo decreto do Piratini que congelou os repasses no começo do ano. O próximo passo dos familiares foi ingressar com ação judicial, por meio da Defensoria Pública.
Mas, apesar de decisão favorável da Justiça em 13 de fevereiro, a paciente ainda não teve acesso ao equipamento. O número do processo é 073/1.15.0001571-9 e tramita na Primeira Vara Cível de Tramandaí. Os familiares estão aflitos diante do impasse porque enfrentam dificuldades financeiras para continuar bancando o aluguel com recursos próprios.
Como a senhora depende de respiração artificial para continuar vivendo, decidiram dar publicidade ao caso, na esperança de sensibilizar o governo a atender o pedido. Com a palavra, o governador Sartori. Afinal, ao anunciar as medidas de arrocho, ele prometeu que nenhum serviço essencial à população seria prejudicado. Entre o discurso e a prática, o drama vivido por Dona Maria Aurora aponta para uma realidade bem diferente.