Para entender os motivos do prende e solta do assaltante Jocemar Takeuchi Navarro, 35 anos, Zero Hora conversou com o delegado da Polícia Civil Juliano Ferreira, o juiz-corregedor do Tribunal de Justiça do Estado, Eduardo Almada, e o advogado dele, Luiz Gustavo Puperi. Japonês, como é conhecido, costuma dizer que trabalha com vendas e complementa a renda negociando automóveis usados. Para policiais, porém, o serviço é diferente: consultor de quadrilhas de ladrões de carro.
Nos últimos dias, Japonês se tornou pivô de uma polêmica surgida quando o chefe da Polícia Civil, Guilherme Wondracek, afirmou evitar sair à noite em Porto Alegre por causa de ataques a motoristas. A Capital é castigada por bandos de ladrões de carro cujos esconderijos são cidades da Região Metropolitana, em especial, Sapucaia do Sul, onde mora Japonês.
Investigado em duas dezenas de inquéritos, réu em 15 processos em Porto Alegre, Sapucaia e Novo Hamburgo, a maioria por delitos ligados a furto e roubo de veículos, Japonês tem uma trajetória que mostra como um bandido deste ramo criminoso está sempre entrando e saindo da cadeia. E, após 12 prisões, a última em 20 de junho, é, tecnicamente primário.
Leia, em entrevista abaixo, o que pensa o advogado de Japonês, Luiz Gustavo Puperi, sobre o prende e solta:
Por que o Japonês é considerado um dos maiores ladrões de carro do Estado?
Quem tem de explicar é polícia. Todas as vezes em que a polícia cumpriu mandados de busca na residência dele, jamais conseguiu demonstrar isso. Tanto que responde aos processos em liberdade. Ele faz questão de dizer que o telefone dele é o mesmo há anos, que a polícia grampeia, mas isso não chega a conclusão alguma.
Mas já teve cinco condenações entre 1998 e 2007...
Sou advogado dele a partir de 2010. Desde então, não tem condenações. É, tecnicamente, primário. Faz mais de cinco anos da última condenação.
Desde 2011, ele já foi preso três vezes. Nesses casos, também não tem envolvimento com essas acusações?
Não tem. São prisões postuladas à Justiça sob o argumento de que teria participação em crime. Depois não se comprovaram ou enfraqueceu a investigação, foi solto em 30, 40 dias.