O cartão não veio, a conta de telefone foi parar em outro endereço, a encomenda não foi entregue porque não havia ninguém em casa. Essas são algumas das reclamações sobre o serviço dos Correios - empresa responsável por fazer 8,3 bilhões de objetos chegarem por ano às mãos dos brasileiros, mas que sofre com problemas nas entregas nacionais e internacionais.
Entre os clientes de todo o país, as principais queixas são de extravio e perda de encomendas, além dos desvios para a residência de desconhecidos e atrasos na entrega de correspondências. Os Correios sustentam que são falhas pontuais, fruto de problemas temporários nas unidades responsáveis, e que são rapidamente corrigidas. Mas quem está à espera da chegada de um carteiro nem sempre o vê no prazo previsto.
- Os documentos do meu carro não chegaram a tempo, e no rastreamento informaram que fizeram três tentativas de entrega. Fiquei o tempo todo em casa e não vi carteiro nenhum - garante a aposentada Teresa Pereira, moradora de Santa Cruz do Sul.
Quem compra produtos de fora do país reclama da demora. Mais comuns desde a popularização de sites como o chinês AliExpress, essas encomendas precisam ser liberadas pela Receita Federal antes de chegar aos Correios. Aí, o consumidor sofre com informações dúbias - alguns sites anunciam o prazo de chegada do produto ao Brasil, não à casa do cliente.
A encomenda que o técnico em informática Alexandre Ramos esperava da Itália saiu em direção ao Brasil em 10 de abril, mas só chegou na casa dele em 20 de junho. Foram mais de dois meses de espera, o que o levou a reclamar. Conforme os Correios, a entrega foi feita dentro do período previsto para o frete econômico internacional, que é de aproximadamente 50 dias úteis.
"A ocorrência de atrasos é pontual e localizada; o percentual de reclamações sobre o tráfego de objetos registrados no país é inferior a 0,1% do total entregue", informou, por nota, a assessoria de imprensa dos Correios.
Para o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio Grande do Sul (Sintect-RS), os atrasos são comuns porque falta pessoal para dar conta da demanda. O secretário-geral, Vitor Rittmann, diz que há uma defasagem histórica nos quadros funcionais. Hoje, faltariam 30 mil trabalhadores em todo o Brasil, sendo 8 mil no Estado. Esses funcionários não estariam sendo integralmente repostos desde 2011, data do último concurso.
A empresa informa que o cadastro reserva desse concurso ainda está vigente, mas vai publicar um edital para preencher cerca de 2 mil vagas em 11 Estados - incluindo o Rio Grande do Sul - e no Distrito Federal. A data do edital e do concurso não foi definida.
Insegurança também dificulta entregas
Devido à insegurança, a partir de 9 de julho moradores de sete bairros da zona norte de Porto Alegre tiveram de buscar em uma agência dos Correios as encomendas que receberiam em casa. Depois de casos de assalto a carteiros e carros do Sedex, os produtos passaram a ser concentrados em um só centro de distribuição.
Em um comunicado, os funcionários relatam quatro assaltos em um período de 20 dias. O sindicato dos Correios no Estado contabiliza 18 assaltos aos carteiros no exercício da função desde o início do ano. Conforme Rittmann, o medo de fazer a entrega em áreas consideradas perigosas contribui para o atraso.
O que fazer se sua encomenda não chegou
1) Consulte o status da entrega na página de rastreamento de objetos dos Correios (correios.com.br/sistemas/rastreamento)
Detalhe: Nem todos os serviços de encomendas no Brasil são registrados, isso porque é possível optar pelo envio simples - mais barato, mas sem rastreamento.
2) Consulte os prazos de entrega, que variam dependendo do objeto e do tipo de entrega (expressa ou econômica)
Detalhe: Os Correios disponibilizam uma calculadora de preços e prazos de entrega em correios.com.br/sistemas/precosPrazos.
3) Se, ao final do prazo, a encomenda ainda não tiver chegado, é possível registrar queixa diretamente com os Correios, através do canal de atendimento (0800 725 0100)
Detalhe: As reclamações por atraso na entrega só podem ser feitas se os prazos de entrega do objeto tiverem expirado.
4) Não recebendo uma solução, o consumidor pode ir ao Procon de seu Estado ou município.
Detalhe: no Rio Grande do Sul, foi registrada apenas uma reclamação contra os Correios no Procon nos últimos anos, em 2009. Já no Espírito Santo, o Procon recebeu mais de 180 reclamações formais de consumidores somente no primeiro semestre de 2015 - o que levou o órgão a aplicar uma multa de R$ 8 milhões aos Correios em abril.
5) Indenização
Se houve atraso na entrega, se a encomenda chegou quebrada ou você recebeu um produto endereçado a outra pessoa, é possível cobrar indenização dos Correios. A devolução, porém, nem sempre é integral, e em alguns casos fica restrita aos serviços expressos do Sedex.
Detalhe ZH
E se a conta não veio a tempo?
Se o prazo de um pagamento estiver se aproximando e a correspondência ainda não tiver chegado, o mais indicado é buscar alternativas para quitar a conta antes dos vencimentos. Entre as opções estão a impressão de segundas vias pela internet e a solicitação dos códigos de barra por celular, e-mail, ou atendimento online.
* Zero Hora