Segunda-feira, 6 de julho. Armado com fuzis e explosivos, um grupo de pelo menos 10 bandidos reunidos em dois carros ataca um carro-forte entre as cidades de Flores da Cunha e Antônio Prado, na serra gaúcha. Eles explodem três vezes o cofre do blindado, sem conseguir acesso ao dinheiro. Para não perder a viagem, assaltam os vigilantes, levando deles, segundo a Polícia Civil, coletes, revólveres e espingardas.
O assalto a guardas privados virou dor de cabeça para as autoridades. Os bandidos usam a tática para formar seu arsenal. Em alguns casos, atacam não por mero oportunismo, mas porque o alvo é mesmo o vigilante e seu equipamento de proteção - é mais barato do que contrabandear armamento do Exterior.
ZH teve acesso a levantamento feito pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) e enviado à Polícia Civil e à Brigada Militar. Desde 2010, em ataques a guardas bancários e de carros-fortes no Estado, foram roubados 310 armas, 933 cartuchos de munição e 107 coletes à prova de balas. E a tendência é de crescimento.
Presidente do Sindicato dos Vigilantes-RS, Loreni Dias acredita que a onda de roubos contra os 60 mil guardas bancários gaúchos recai, em grande parte, nos bancos. Ele diz que muitas agências contam com apenas dois vigilantes - pouquíssimo diante das quadrilhas -, geralmente mal-armados:
- Teria de ser no mínimo três e com coletes novos, não os vencidos que muitos colegas usam.
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Presidente do SindValores (sindicato dos guardas de carro-forte), Rogério Martins critica o fato de vigilantes só poderem usar revólveres de calibre .38:
- Deveríamos usar pistola .40, o mínimo para devolver o poder de fogo dos bandidos. Mas temos conseguido evitar muitos roubos.
Um experiente delegado da Polícia Civil confirma que as quadrilhas usam o material de proteção dos vigilantes. Neste ano, seis coletes balísticos foram achados na casa de um bandido. Todos roubados de seguranças privados. Mesmo assim, o policial considera que as empresas de segurança particular podem e devem usar armamento e proteção individual.