Que o lixo jogado fora do lixo ajuda a provocar enchentes, não há dúvidas. Detritos descartados irregularmente entopem bueiros, fecham bocas de lobo e causam assoreamento em valos, córregos e arroios, impedindo maior vazão da água nos dias de chuva. Portanto, moradores que depositam o lixo em qualquer lugar colaboram para agravar as enxurradas que alagam residências e causam tantos prejuízos na Grande Porto Alegre.
Mas o lixo é apenas um entre tantos fatores responsáveis pelas cheias, como a ocupação mal planejada de terrenos perto de arroios e rios, falta de manutenção na rede de esgotos pluviais e escassez de drenagem. No caso da Região Metropolitana, em locais que historicamente alagam, torna-se evidente a falta de uma intervenção mais firme e decidida das prefeituras no saneamento das áreas alagadiças. A tal ponto que já houve necessidade de o Ministério Público intervir, ameaçando prefeito com ação judicial para forçar ações emergenciais de combate às cheias. Se tal atenção fosse permanente, não há dúvida de que as enchentes seriam menos frequentes. Com ou sem lixo descartado no lugar errado. Que os prefeitos levem isso em conta antes de, por comodismo ou instinto de defesa, transferirem a culpa para o cidadão.
Rodovia do Parque
O impacto da BR-448, a Rodovia do Parque, nos alagamentos na região de Esteio é um ponto que precisa ser devidamente esclarecido. Os técnicos do Dnit negam que o verdadeiro dique erguido para passagem da estrada interfira no escoamento das enxurradas registradas no município. Mas é fato que existe muita água acumulada no lado de Esteio, enquanto a parte mais próxima do Rio do Sinos fica praticamente seca.
Antigamente, toda essa área ficava alagada, funcionando como uma espécie de bacia de contenção das cheias. Outro aspecto que chama a atenção são os alagamentos no Parque de Exposições Assis Brasil, que não existiam e passaram a ser frequentes após a implantação da rodovia.