As viagens de ida e de volta da linha de lotação Alto Teresópolis, na Capital, estão deixando motoristas e passageiros angustiados. A qualquer momento do dia, entre as 6h10min e as 22h (horário de largada da primeira corrida e de encerramento da última), pode surgir uma arma apontada para suas cabeças.
De acordo com o gerente da empresa Viação Reunidas, que explora a linha, Luis Evandro Silva, 49 anos, a média mensal é de oito assaltos. Porém, já houve mês com 15 ataques. Ele também lembra de uma semana em que houve uma sequência quatro assaltos, de sexta a terça (levando-se em conta que a linha não opera aos domingos, houve assaltos todos os dias neste período).
A linha percorre ruas dos bairros Alto Teresópolis, Santa Teresa, Medianeira, Menino Deus e Praia de Belas, antes de chegar ao Centro.
Os 16 motoristas que trabalham nela já foram todos assaltados. Antonio Ramp de Oliveira Neto, 39 anos, foi a vítima mais recente. No dia 17, ele viveu momentos de terror. Um casal embarcou em meio a 15 estudantes da Faculdade Ritter dos Reis, na Rua Orfanotrófio. Na Rua Sepé Tiaraju, o rapaz apontou uma arma para a cabeça do motorista e exigiu que ele abrisse a porta do veículo. A mulher desembarcou correndo e, na sequência, outros quatro homens, três deles armados, embarcaram.
- Fizeram uma limpa não só no dinheiro do lotação, como nos passageiros. Recolheram bolsas, celulares, carteiras dos estudantes. De dois deles, os ladrões levaram até os tênis, deixando-os descalços - conta Antonio.
No dia anterior, a vítima havia sido Edson Alves, 46 anos. Também na Rua Sepé Tiaraju. Já Aldrovando Guimarães de Lima, 59 anos, no dia 13, foi abordado nas proximidades da Rua Dona Otília. Ele parou para que uma passageira descesse. O tempo que ela demorou foi o suficiente para que um homem e duas adolescentes embarcassem correndo, e, no mesmo embalo, recolhessem os pertences dos passageiros e fugissem.
- Fizeram isso com muita rapidez. E o pior é que, depois, na volta seguinte, a gente passa e vê eles no mesmo lugar, rindo - revolta-se Aldrovando.
Lucas Correa, 30 anos, já está há mais tempo sem passar pelo perigo. Foi assaltado pela última vez em janeiro. Mas não esquece a péssima sensação.
- O pior é que eles estão metendo o pavor. A gente não tem mais tranquilidade para trabalhar.
Dois já foram presos
O delegado César Carrion, titular da 2ª DP, cuja área de jurisdição inclui parte do trajeto da linha Alto Teresópolis, diz que poucos registros de roubo às lotações foram feitos na delegacia. A maioria acaba ocorrendo na região da 20ª DP. Na semana passada, agentes desta distrital prenderam uma dupla suspeita de vários ataques a ônibus, táxis e lotações.
Com Marcos Vinicius Pereira Duarte, 19 anos, e Diulian Correia dos Santos, 23 anos, foram apreendidos vários objetos, como relógios e celulares, possivelmente frutos de assaltos.
- Chegamos aqui há dois meses e estamos tomando pé da situação. Temos registros de ocorrências de roubo a lotações, assim como temos também vários crimes. Vamos continuar investigando - disse o comissário Antônio Azambuja, chefe do plantão.
Pela Brigada Militar, a assessoria de comunicação do 1º BPM, responsável pela região, afirmou que não há registros de ocorrências de assaltos à linha Alto Teresópolis.
Como eles agem
Assaltantes costumam se misturar a passageiros em paradas movimentadas, como a da Faculdade Ritter dos Reis.
Pagam suas passagens normalmente e sentam. Na surdina, observam os outros passageiros.
Estudantes, principalmente, costumam ficar utilizando telefones, smartphones, Iphones, Ipads e tablets, entre
outros aparelhos, na lotação.
Durante a viagem, os ladrões disfarçados anunciam o assalto e fazem a limpa.
A maioria dos ataques acontece nas ruas Dona Otília, Otávio de Souza, Sepé Tiaraju e nas proximidades do Postão da Vila dos Comerciários.