Auditorias do Banco do Brasil investigam mais de 20 servidores suspeitos de autorizar financiamentos irregulares do Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Pronaf) no Vale do Rio Pardo, região central do Estado. Conforme inquérito aberto em 2012 pela Polícia Federal e ainda não concluído, esses empréstimos eram desviados por lideranças de uma associação de produtores rurais e teriam inclusive abastecido campanhas eleitorais.
As auditorias do BB serão incorporadas ao inquérito da PF, que está em fase de conclusão e pode ter até mais de 20 indiciados. Pelo menos três integrantes da Aspac (Associação Santa-cruzense de Pequenos Agricultores Camponeses) - entidade ligada ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) - devem ser responsabilizados por terem colocado nas contas bancárias da entidade recursos oriundos de financiamentos que foram contratados em nomes de agricultores filiados à associação. Dirigentes da Aspac também responderão criminalmente por cobrar taxas dos agricultores em cima de cada financiamento intermediado junto ao BB. Alguns desses colonos, plantadores de fumo e milho, dizem que só descobriram os empréstimos feitos em seu nome anos depois de os contratos serem assinados.
Muitas vezes, o dinheiro do empréstimo era devolvido pela Aspac, quando o agricultor reclamava. Em vários casos havia demora. Os policiais vão mencionar no inquérito que algumas pessoas, desesperadas, teriam cometido suicídio quando descobriram débitos que juravam não ter contraído.
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A investigação aponta que as movimentações irregulares podem ter chegado a R$ 79 milhões e atingido cerca de 6,3 mil agricultores. Os policiais já localizaram centenas de pessoas que podem ter sido vitimadas. A investigação apontará como envolvidos no golpe dirigentes da Aspac e também funcionários graduados das agências do Banco do Brasil (BB) na região. O inquérito é conduzido pelo delegado Luciano Flores de Lima, que evita comentar o caso. Ele deve também embasar seu relatório com uma investigação interna feita pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que liberava verbas para a Aspac.