A sobrevivência do jornalismo impresso não está em perigo na opinião de empresários e especialistas que participaram do painel Jornal, do papel à multiplataforma, durante a tarde desta quinta-feira no 20° Festival Mundial de Publicidade, em Gramado, na Serra gaúcha. Conteúdo de qualidade e credibilidade continuam tendo relevância para leitores e anunciantes em qualquer parte do mundo e os jornais tem mostrado capacidade singular de se adaptar a outras plataformas.
Larry Kilman, secretário da Wan, entidade que representa mais de 18 mil publicações e 15 mil sites ao redor do mundo apresentou dados coletados com empresas jornalísticas nos cinco continentes.
- Cada mídia é local, tem características próprias, mas é possível identificar algumas tendências internacionais - disse.
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Tradicionalmente a maior parte da receita das publicações vinha de publicidade, mas a partir de 2014, pela primeira vez na história, foram os leitores, a audiência, com as assinaturas digitais e impressas, os maiores patrocinadores dos jornais.
Kilman ressaltou que em 2015 já está claro que os jornais não estão em declínio como se esperava anos atrás e que ao se adaptar a outras plataformas mostraram que o jornalismo não tem "medo de novas ideias".
Para Andiara Petterle, vice-presidente de Jornais e Mídias Digitais do Grupo RBS, a relevância do jornalismo está no conteúdo e não na plataforma.
- Alguns publicitários mais jovens tendem a achar que o jornal perdeu a importância porque é uma plataforma antiga. Quando é justamente o contrário. Ao carregar séculos de credibilidade o jornal impresso é de grande valia para as marcas.
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Andiara ressalta que o conteúdo continua sendo primordial, a distribuição do jornalismo é que mudou e hoje é feito em várias plataformas.
-Quanto mais telas, mais conteúdo - disse, referindo-se aos diversos interesses dos leitores.
O jornalista Fernando Bond, diretor editorial da Adjori, contou um pouco da experiência dos jornais de interior, que mesmo apresentando um ritmo de mudança mais lento, também estão migrando para plataformas variadas.
- A queda na circulação impressa não é uma realidade no interior. Lá as pessoas ainda tomam café da manhã lendo o jornal. Os costumes demoram mais a mudar. Mas a transformação já ocorre. Em Santa Catarina mais de 10 jornais locais fazem telejornais para web TV - contou.