A história do garoto Emanuel Vinícius Gonçalves Rocha, 12 anos, contada pelo repórter Eduardo Torres na edição de final de semana do Diário Gaúcho, ilustra como crianças em situação de risco são tratadas.
Executado com tiros pelas costas na Restinga, no dia 30 de abril, Emanuel teve tempo para ser salvo, mas a família, desestruturada, e o Estado, que o acompanhava desde os seis anos, foram incapazes de evitar a morte do menino.
Como o Estado não pôde impedir a morte de Emanuel
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Emanuel fugiu de casa pela primeira vez aos seis anos. Aos nove, voltou a ser encontrado vagando sem rumo. Como regra, crianças trocam o lar pelas ruas quando o perigo, na verdade, está dentro de casa. Com Emanuel, não foi diferente. Conforme relatos de conselheiros tutelares, ele era surrado pelo padrasto. Aos 10 anos, enfrentou a mais dura das perdas: Vitor, 15 anos, seu irmão mais velho, foi assassinato golpeado a pauladas. Para os mais chegados, ele dizia:
- Quero matar quem matou o meu irmão.
Emanuel deixou a escola, frequentou abrigos públicos, consumiu drogas, praticou atos infracionais como roubo e tráfico. Protagonizava o roteiro de um filme que não teria final feliz. Tragédias como a de Emanuel mostram que é preciso gastar energia e dinheiro público protegendo crianças e adolescentes, em vez de apregoar a redução da maioridade penal. Antes de se tornarem algozes, eles sempre são vítimas.
*Diário Gaúcho