Um ruído de comunicação manteve em liberdade um condenado por tráfico na Capital. Mesmo tendo descumprido ordem judicial, o detento segue solto, e o jogo de empurra entre autoridades não aponta o motivo. Ezequiel Pires, o Quequel, foi beneficiado com saída temporária do Presídio Central de Porto Alegre por falta de vagas no regime semiaberto.
Ele recebeu autorização da Justiça para ir para casa, no bairro Restinga, Zona Sul, desde que se apresentasse semanalmente à Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e permanecesse na residência entre 20h e 6h. Às 2h25min de sábado, Quequel foi detido por brigadianos do 21º Batalhão de Polícia Militar (21º BPM) em um carro na estrada João Antônio da Silveira, no bairro Passo das Pedras.
O histórico dele no sistema Consultas Integradas continha informação de que, caso descumprisse o horário de reclusão domiciliar, deveria retornar ao regime fechado no Central, do qual progrediu em 21 de maio. Levado à 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (2ª DPPA), Quequel teve a escapada registrada, mas acabou liberado. O boletim de ocorrência nº 8.186 informa que não havia "mandado de prisão contra o mesmo e a Susepe não expede ofício de fuga quanto a este fato", informação que teria partido do setor de alvarás da superintendência.
A assessoria de imprensa da Susepe diz que o órgão orientou o encaminhamento do detento ao Central. Juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC), Sidinei Brzuska confirma que o detido não poderia ter sido solto e considerada clara ordem da saída temporária: - Dezenas de outros presos nessa situação voltaram ao Central. Não havia necessidade de nenhuma outra formalidade. ZH telefonou para a delegada responsável pela ocorrência, mas ela não atendeu.
O delegado Rodrigo Garcia, também da 2ª DPPA, afirmou que foi adotado procedimento-padrão.
- Nunca houve nenhum tipo de notificação da VEC de que a informação que consta no despacho serviria de mandado de prisão - disse Garcia.
Comandante do 21º BPM, o tenente-coronel José Henrique Botelho diz que a situação preocupa em razão do tráfico conflagrado na Restinga. Ele lamentou o desperdício de esforços dos brigadianos.
- Quer queira, quer não, a importância dele (Quequel) é tanta que houve foguetório quando chegou. A Restinga é um local com quadrilhas muito atuantes, e estamos sugando nosso pessoal. É um fato que desmotiva o policial, por ver o detido sair junto com ele da delegacia, livre - afirmou Botelho.
Na noite de 25 de maio, Quequel foi recebido no bairro com queima de fogos. Preso desde 2012, com condenação por tráfico de drogas, faria parte da Gangue dos Alemão, segundo a polícia. Quequel ainda responde na Justiça por ao menos duas tentativas de homicídio e um assassinato.
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