Quem olha para o estacionamento do Velopark ao cruzar Nova Santa Rita pela Tabaí-Canoas encontra um assustador retrato da crise econômica enfrentada pelo país: centenas de carros 0km estocados por falta de comprador.
Produzidos pela fábrica da GM em Gravataí, os veículos permanecem expostos aos rigores do tempo devido à queda crescente nas vendas. Sem mercado para colocar as unidades produzidas, a montadora foi obrigada a paralisar as atividades por 15 dias, mantendo 4,5 mil trabalhadores em casa nesse período.
Longe de ser exceção, a GM de Gravataí reflete o quadro negativo enfrentado pelo setor automobilístico em todo o país. Com os pátios lotados de carros e os negócios despencando, seis fabricantes tomaram medidas semelhantes na tentativa de desovar os estoques e evitar decisões mais drásticas, como o fechamento de unidades e consequente demissão de milhares de trabalhadores.
Mesmo assim, cerca de 10 mil postos de trabalho já foram fechados nos últimos meses. Se fosse coisa passageira, dava para suportar. Mas não é. As previsões para o restante do ano na economia brasileira são muito ruins. A tendência para quase todos os segmentos é de um segundo semestre ainda pior que o primeiro.
Inflação alta
O Banco Central publica às segundas-feiras um boletim com as previsões de uma centena de instituições financeiras para a economia.
Pela nona semana consecutiva, o indicador aponta alta na inflação e queda no Produto Interno Bruto (Pib), o conjunto de toda a riqueza produzida pelo país. A previsão de inflação subiu de 8,46% para 8,79%. Com relação ao Pib, o mercado estima agora que a economia vai terminar o ano com recuo de 1,35%. Se a estimativa for confirmada, será o pior resultado desde 1990, ano do confisco da poupança, quando a economia brasileira encolheu 4,35%.
Como não existe mágica capaz de segurar emprego sem produção e vendas, as demissões devem aumentar. Por tudo, amigos, o ambiente requer de todos nós o máximo de cautela.
Cortar despesas e evitar novas dívidas são regras de ouro para enfrentar tempos cada vez mais bicudos. Poupe água e luz, fuja do crediário com juros e evite qualquer compra supérflua. Na hora de fazer o rancho, tente substituir os produtos mais caros e fique atento às promoções. No trabalho, a prioridade é manter o emprego. Não é hora de reivindicar, reclamar e, muito menos, de criar caso com o patrão por bobagem. Quando a crise é geral, ninguém consegue escapar dos efeitos negativos. Mas também é certo que sofrerá menos quem se preparar melhor para enfrentá-la.