O doleiro Alberto Youssef afirmou, nesta segunda-feira, que havia anuência do Palácio do Planalto com o esquema que operava para o PP dentro da Petrobras. Em depoimento a integrantes da CPI que investiga o escândalo na estatal, que foi a Curitiba para ouvi-lo, Youssef relatou que "em determinado momento, houve um racha no Partido Progressista".
- Essa situação foi parar no Palácio (do Planalto). Paulo (Roberto Costa, ex-diretor da estatal) deixou claro para Nelson Meurer (PP-PR) que o Palácio tinha que indicar um interlocutor - disse o doleiro à CPI.
Perguntado, Youssef disse que os pontos de contato com o Planalto eram os ministros Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, e Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência.
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- Em 2012 ou 2011, houve um racha no Partido Progressista e foi motivo de discussão entre líderes governistas, onde houve queda do Nelson Meurer. O Arthur de Lira assumiu a liderança do partido. Isso foi discutido tanto pelo líder Nelson Meurer como pelo Arthur de Lira e Ciro Nogueira, como foi discutido com Gilberto Carvalho e Ideli. Paulo Roberto Costa deixou claro que esse assunto teria que chegar através do Palácio a quem ele iria se reportar - respondeu Youssef ao ser questionado pelo deputado federal Bruno Covas (PSDB-SP).
Youssef disse que, em sua opinião, o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff também sabiam do esquema, mas o doleiro afirmou que não teria como confirmar a informação.
Na audiência, Youssef ainda repetiu partes de seus depoimentos que contrariam a defesa do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Ele afirmou que encontrou pessoalmente com Vaccari em restaurantes e disse que, em 2014, o então tesoureiro foi pessoalmente a seu escritório, mas em um momento em que não estava presente para recebê-lo.
O doleiro reafirmou também ter entregado pessoalmente remessa de R$ 400 mil para a cunhada de Vaccari, Marice Lima, e ter feito outra entrega em dinheiro no diretório do PT.
Doleiro confirmou pagamento de R$ 10 milhões para abafar CPI
Na abertura do depoimento, Youssef falou sobre o pagamento de R$ 10 milhões para abafar as investigações de outra comissão parlamentar em 2010, que apurava irregularidades na estatal - e envolveu suposta exigência do ex-presidente do PSDB Sergio Guerra, morto em 2014.
- Em 2010, fui cobrar a empreiteira Queiroz Galvão para que ela pudesse pagar seus débitos na diretoria de Abastecimento da Petrobras e fui informado que eles teriam repassado R$ 10 milhões a pedido do Paulo Roberto Costa - afirmou Youssef, em uma das primeiras respostas dadas em questionamento feito pelo relato da CPI, deputado Luiz Sergio (PT-RJ).
Integrantes da CPI da Petrobras desembarcaram em Curitiba para ouvir os depoimentos de 13 acusados de envolvimento no esquema de cartel e corrupção na Petrobras que estão presos. Entre eles os ex-deputados André Vargas (ex-PT, hoje sem partido), Pedro Corrêa (PP) e Luiz Argolo (ex-PP, hoje no SD). Youssef foi o primeiro a ser ouvido na manhã de segunda-feira, por um grupo de 14 deputados federais da comissão, que tem audiências marcadas até esta terça.
Ainda estão marcados para esta segunda os depoimentos do ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró e do lobista Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano ligados ao PMDB no esquema de loteamento político na estatal, que envolvia ainda PT e PP, de Mário Góes, de Guilherme Esteves e de Adir Assad, outros três lobistas acusados de operarem propina na Diretoria de Serviços - que era cota do PT - também estão nessa lista.
Na terça, serão ouvidos os depoimentos dos ex-deputados. Eles estão na carceragem do Centro Médico Prisional, na Região Metropolitana de Curitiba. Os interrogatórios ocorrem no auditório da Justiça Federal, em Curitiba.
* Estadão Conteúdo
Os fatos que marcaram a operação:
Abaixo, veja o que já ocorreu durante as investigações: