As crianças, mais uma vez elas, aparecem sob o fogo cruzado na guerra do tráfico e engrossam as estatísticas de vítimas da violência urbana. Um menino de apenas nove anos lutava para se manter vivo a noite passada, atingido por um tiro na cabeça, em Canoas.
Quando as disputas entre bandos rivais se acentuam nas ruas, fatalmente, crianças são transformadas em potenciais vítimas. Em algumas comunidades da periferia, os pequenos são instruídos por seus pais ou responsáveis a deitarem no chão se estiverem na rua e houver um tiroteio. Ou seja: desde a tenra idade convivem com os traumas da criminalidade, impulsionada pela guerra do tráfico.
É dispensável afirmar que as orientações dadas não as tiram da situação de perigo. E o que é pior: mesmo dentro de suas casas, as crianças estão correndo sérios riscos. Basta lembrar o caso da menina de sete anos que, dormindo, foi atingida por uma bala de fuzil.
O Rio Grande do Sul repete uma situação já vivida no Rio de Janeiro. Aliás, os problemas de segurança pública parecem previsíveis neste país. A maneira como o crime se organiza e se readéqua, quando exitosa em algum lugar do país, principalmente no Centro, acaba se refletindo em outras regiões.
Apesar disso, historicamente, não há qualquer planejamento ou plano de prevenção. Consequentemente, o crime viceja, não mais apenas na periferia. E faz cada vez mais vítimas inocentes, como as crianças.
*Diário Gaúcho