Seis meses depois, a novela se repete: sem aviso prévio, o governo do Acre envia haitianos para o território gaúcho. Desde quinta-feira, a prefeitura de Porto Alegre corre contra o tempo para se preparar para receber os refugiados do país devastado pela pobreza.
Como o alojamento da Brigada Militar está ocupado, os imigrantes desta vez ficarão no Centro Vida Humanístico, administrado pela Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social, que é vinculada à Secretaria Estadual do Trabalho. No momento, o local, que fica na zona norte de Porto Alegre, está equipado para atender a cem pessoas - capacidade que pode até ser triplicada.
- Não é o ideal, mas não tivemos tempo de nos preparar. Vamos acolhe-los com todo o carinho - diz o secretário municipal de Direitos Humanos, Luciano Marcantônio.
Segundo ele, a estrutura do centro é precária (a parte hidráulica de um dos dois futuros alojamentos terá de ser reformada a partir de hoje), mas os haitianos poderão dormir sem passar frio, terão banheiros, refeitório e área de convivência. Uma equipe composta por intérpretes e servidores das áreas da saúde e direitos humanos também estará a postos.
Marcantônio lamenta que os representantes do governo do Acre só tenha entrado em contato com Porto Alegre na quinta-feira, quando os dois primeiros ônibus - de um total de 10 - partiram para a capital gaúcha.
- O que nos apavora é esta atitude: o Ministério da Justiça faz um convênio com o Acre, não nos avisa, não nos passam um recurso, não nos chamam para discutir o convênio, apenas designa a cidade que vai receber os haitianos. Isso é desrespeito com o governo do Estado, com a prefeitura e, principalmente, com os haitianos. Já é a segunda vez que isso acontece. É um absurdo - reclama.
Conforme Marcantônio, no ano passado, apenas 20 dos cerca de 300 refugiados que desembarcaram em Porto Alegre quiseram permanecer no Rio Grande do Sul. A expectativa é que os primeiros haitianos (um grupo pequeno, de 10 ou 12) cheguem na Capital no domingo, e os 300 restantes ao longo da semana. A prefeitura pede doações para melhor acomodar os imigrantes. Na lista de itens prioritários, colchões, lençóis, cobertores e materiais de higiene, que podem ser entregues no Centro Vida Humanístico (avenida Baltazar de Oliveira Garcia, 2132), das 8h às 18h.
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