Integrantes do Movimento Brasil Livre protocolaram nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados, em Brasília, um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Eles estavam acompanhados de deputados da oposição e se reuniram com o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Antes, cerca de 400 integrantes do grupo fizeram um protesto em frente ao Congresso Nacional.
- Eduardo Cunha se comprometeu a analisar tecnicamente o nosso pedido de impeachment e não engavetar diretamente como fez com os outros - afirmou dos líderes do movimento, Kim Kataguiri, que não detalhou os argumentos do pedido.
- Os movimentos de rua e os movimentos feitos pela oposição são complementares. Tanto o feito ontem e o de hoje buscam a mesma finalidade: o afastamento da presidente da República - disse o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), ao falar da representação protocolada nessa terça-feira pelo PSDB, DEM, PPS e SD acusando o governo de irregularidades financeiras por atraso nos repasses de recursos da União para bancos públicos.
O caso está sendo apurado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O governo sustenta que os pagamentos feitos pelos bancos públicos não configuram operação de crédito entre o Tesouro Nacional e o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, como entendeu o TCU, durante julgamento em abril.
Para o deputado Henrique Fontana (PT-RS), as manifestações contrárias ao governo são legítimas. Porém, o parlamentar considera que os manifestantes têm se comportado como "mau perdedores".
- Não há nenhum ponto que justifique um pedido de impeachment. Evidentemente o debate crítico ou de apoio a um governo deve ser respeitado, ele faz parte do processo democrático. Uma parcela dos que perderam tem se comportado como maus perdedores - afirmou Fontana.
A manifestação teve início no dia 24 de abril, quando cerca de 20 integrantes do movimento iniciaram uma caminhada de São Paulo até Brasília para entregar o pedido de impeachment. Após protocolarem o documento, os manifestantes disseram que permanecerão acampados em frente ao Congresso como forma de "pressionar" o Parlamento pela admissão do pedido.
Grupos anti-Dilma querem exigir 'rejeição' à taxação de grandes fortunas
Grupos oposicionistas que compõem a Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos vão se reunir nesta quinta-feira com políticos de oposição para tratar, entre outras coisas, da rejeição à taxação de grandes fortunas e impostos sobre heranças, pautas que não constavam entre as reivindicações das recentes manifestações contra o governo.
Atualmente tramitam 12 projetos na Câmara neste sentido. As propostas são ventiladas pelo governo para ajudar no esforço de equilibrar as contas e podem entrar no pacote de ajuste fiscal.
O principal grupo da "Aliança" é o Vem Pra Rua, que é fundado por grandes empresários e executivos do mercado financeiro. O grupo se recusou a participar da marcha que saiu de São Paulo a Brasília e apoia a iniciativa do PSDB de entrar com uma ação penal contra a presidente em vez de pedir o impeachment, como defende o MBL.
A Aliança também pede o "desinhchaço" da máquina administrativa e defendem o projeto do PMDB, patrocinado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que prevê a redução do número de ministérios.
*Zero Hora, com agências