O número de conectados só cresce no Brasil, e um grupo se destaca: o da terceira idade. Em todo país, são 3,319 milhões de pessoas acima dos 60 anos ligadinhas à internet, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013, divulgada pelo IBGE. Eles mostram uma tendência apontada no Pnad referente ao período de 2005 a 2011 - o número de acessos à rede, na época, aumentou 143,8%, enquanto a população com mais de dez anos cresceu menos de 10%.
Essa multidão tem vários interesses, mas o mais ouvido pelo DG na sala de um curso para idosos, no Santander Cultural, foi aumentar as relações: valem redes sociais, bate-papo...
Nair Niehues, 71 anos, gosta de ficar no Facebook. Ao lado do marido, Nelson Edi Vothona, ela faz aulas para aprender melhor a navegar na rede.
- Estou estudando para ficar atualizada e entender melhor os meus netos, que estão sempre na internet. O Facebook facilita, pois tenho amigos e parentes em Santa Catarina e em Minas Gerais - explica Nair.
A dona de casa, moradora da Capital, também busca conhecimento na web por conta de uma paixão: as plantas. Nos sites de buscas, ela aprendeu a pesquisar a hora certa de plantar e como cuidar das mudas.
Professor do curso frequentado pelo casal, oferecido por Unisinos e Santander Cultural, Ari Paixão percebe que muitos idosos se sentem sozinhos, por isso, gostam de se relacionar na internet. Maria Luiza Nunes Vaz, 74 anos, é outra das suas alunas. Ela quis aprender a usar a internet para se comunicar com o filho que foi morar no Chile.
- Você sabia que hoje estive no Chile? - brinca a secretária aposentada.
Maria Luiza se refere à busca que fez por imagens do país. Ficou admirada com o que viu e agora quer um computador só para ela.
"Vão exercitar o cérebro", diz professora de Psicologia
Professora da Faculdade de Psicologia da Puc-RS, Irani Argimon conta que pesquisas da área acadêmica têm mostrado que participar de redes sociais na internet traz coisas boas aos idosos. Ela defende que ficar conectado é questão de saúde, já que traz benefícios emocionais e cognitivos, evitando perda de memória, por exemplo. O cérebro fica em plena atividade para aprender a novidade.
- Eles vão exercitar o cérebro e continuar aprendendo. Vão fazer contato com pessoas diferentes e ficarão surpresos como o mundo é maior do que imaginam - explica Irani, referindo-se às pesquisas que os idosos podem fazer para conhecer outros países e culturas.
Ela destaca que muitos procuram a internet para se relacionar com os mais jovens, como filhos e netos:
- As redes sociais ajudam a agregar, fazendo com que os idosos mantenham contato com parentes que vivem em outras cidades.
Irani faz uma ressalva: não dá para manter as relações só no plano virtual. Que tal combinar um encontro com aquele amigão do Face?
DE GRAÇA
/// O Santander Cultural (Rua Sete de Setembro, 1028, Centro da Capital) oferece cursos gratuitos de capacitação digital para a terceira idade.
/// Mais informações pelo telefone 3287-5941.
*Diário Gaúcho