A administração de Dalírio Beber (PSDB) na Casan é vista como uma espécie de transição da empresa. Ele assumiu a presidência no primeiro mandato do governador Raimundo Colombo (PSD), em 2011, em um período logo após o choque de gestão implantado no governo de Luiz Henrique da Silveira para cortar custos. Tinha como missão fazer a companhia voltar a investir em saneamento, diante da promessa do governador recém-eleito de ampliar a coleta e tratamento de esgoto dos baixos níveis da época, 16% de cobertura, para 45% das residências catarinenses.
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Conseguiu recursos para montar um plano de investimentos, só que, por demora na aprovação de obras e na obtenção de licenças ambientais, não teve a oportunidade de iniciar a maior parte das iniciativas da gestão. Seu período à frente da Casan acabou marcado também pela falta de água sistemática na temporada de verão entre 2013 e 2014, com longos períodos de torneiras secas nas praias da região da Grande Florianópolis.
No dia 4 de abril de 2014, deixou o cargo para se desincompatibilizar dentro das regras da lei eleitoral. A saída seria para concorrer a uma vaga de deputado estadual, mas Beber nem chegou a lançar a candidatura e desistiu de disputar a vaga nas urnas. Quando deixou a Casan, três anos e três meses depois de ter assumido, a cobertura da rede de esgoto estava em cerca de 18% das casas dos municípios atendidos pela companhia.
Histórico
A indicação para o cargo na presidência da Casan ocorreu em função da proximidade de Dalírio Beber com LHS. O tucano foi um dos que defendeu o projeto de coligação com o peemedebista para a eleição em 2002. Foi também presidente do Badesc no segundo mandato do governador, após ele ser reeleito em 2006.
A busca por recursos para a estatal rendeu a primeira polêmica de sua administração na Casan. O projeto inicial era vender 49% da empresa como uma forma de conseguir recursos que permitissem voltar a investir em saneamento básico.
Com aval dos deputados estaduais, a proposta foi aprovada na Assembleia Legislativa, mas foi mantida a emenda constitucional que obriga a realização de plebiscito para aprovar a venda de ações da empresa.
Retomada dos investimentos
Diante da repercussão negativa, a proposta ficou de lado pela administração estadual, em especial pelo avanço de financiamentos internacionais. Um contrato com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), de 100 milhões de euros, garantiu uma futura retomada das obras por parte da Casan.
O recurso, durante todo período em que Beber ficou à frente da companhia, se soma a R$ 500 milhões conseguidos junto ao governo federal e R$ 404 milhões obtidos junto à Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), além de recursos próprios da Casan, que garantiram um pacote de investimentos de R$ 1,5 bilhão na ampliação do abastecimento de água e da rede de esgoto para os próximos anos.
- Ele conseguiu muito financiamentos que estão sendo concretizados agora. Há várias obras que iniciaram no final de 2014 e outras que iniciam em 2015 - conta o gerente de construção da Casan, Fábio Krieger, funcionário da estatal há 27 anos.
Primeira inauguração
A primeira inauguração dos projetos financiados pela AFD será realizada no próximo dia 19, mais de um ano após a saída de Beber da Casan. É o sistema de esgoto do bairro São Cristóvão, em Chapecó. Um investimento de R$ 9,3 milhões.
Na outra ponta, há projetos que não avançaram, caso do sistema de esgoto sanitário de Concórdia. Prometido há décadas, o projeto teve recursos aprovados no PAC em 2012, mas desde então a obra ainda não iniciou. A licitação está prevista para o próximo mês.
- Tem só dois bairros da cidade que tem coleta. Dá para dizer que não temos esgoto. Nós temos um riozinho que corta a cidade e isso está indo para o rio - diz o presidente da União Municipal das Associações de Moradores de Concórdia, Jânio de Oliveira.
A Casan informou que, dos 22 projetos aprovados no PAC, 18 já estão em andamento.