Com a sinalização do governo federal de que tentará preservar dos cortes do orçamento projetos considerados estruturantes ou com ao menos 70% dos trabalhos concluídos, duas obras em rodovias do Rio Grande do Sul aparecem como as mais ameaçadas pelo contingenciamento de recursos.
Ambas ainda em fase inicial, a duplicação da BR-290 entre Eldorado do Sul e Pantano Grande e a travessia urbana de Santa Maria correm o risco de serem afetadas pela falta de recursos, admite o próprio superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Estado, Pedro Luzardo Gomes:
- Por essas duas obras, ainda teremos que batalhar.
Projetos como o contorno de Pelotas, a duplicação da BR-116 entre Guaíba e Pelotas e a segunda ponte sobre o Guaíba - que apesar de estar no início é uma promessa pessoal da presidente Dilma Rousseff - são consideradas prioritárias.
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Mesmo assim, correm o risco de avançarem em ritmo ainda mais lento, dizem fontes do governo federal com trânsito na área de transportes. Outras que ainda estão em fase de projeto, como o prolongamento da BR-448 e o novo trecho na BR-392 entre Santa Maria e Santo Ângelo, terão de esperar.
Projeto do metrô deve ser atingido na capital
Luzardo lembra que, normalmente, o contingenciamento do Dnit chega a 30% dos recursos previstos originalmente, o que significaria ter à disposição para o Estado cerca de R$ 700 milhões em 2015. Ele desconfia, no entanto, que neste ano a tesourada será maior. O Ministério dos Transportes, por exemplo, perderá 36% do orçamento, um corte de R$ 5,7 bilhões. A projeção vai ao encontro das estimativas do presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras em Terraplenagem em geral no Estado (Sicepot), Nelson Sperb Neto.
- Para o Rio Grande do Sul, o valor neste ano deve ser entre R$ 640 milhões e R$ 650 milhões - avalia Sperb, que vê a duplicação da BR-290 como a mais ameaçada no Estado.
Apenas para tocar a obra da BR-290 neste ano, calcula o superintendente do Dnit, seriam necessários cerca de R$ 150 milhões. Para a travessia urbana de Santa Maria, aproximadamente R$ 120 milhões.
A retenção de R$ 17,2 bilhões no Ministério das Cidades, 54,2% do orçamento original, também deixa ainda mais remota qualquer chance de o projeto do metrô de Porto Alegre progredir neste ano.